A presidente Dilma Rousseff viu no que deu querer ser também ministra da Fazenda. Não é certeza, mas talvez tenha percebido que achar que entende de tudo faz mal ao andamento geral dos trabalhos. Quem sabe era a isso que ela se referia no discurso após a vitória quando prometeu ser uma pessoa melhor. É de se conferir.

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Há um fato, porém, que não necessita de confirmação: a presidente não sabe absolutamente nada de política na acepção ampla do termo. Passa longe da compreensão dela o significado de certos atos, não faz uso de tipo algum de sutileza – ingrediente indispensável ao exercício do poder –, parece não se importar com os efeitos que suas atitudes causam em seus subordinados (presentes e futuros) e age da maneira como fala: toda atrapalhada.

Contrariada, escolheu a pessoa certa para a Fazenda. Supõe-se que tenha assegurado autonomia a Joaquim Levy que, de outro modo, não teria aceitado a missão. Ainda mais nessa inusitada situação em que temos dois ministros: um demitido, sentado no ministério; outro nomeado, despachando no Palácio do Planalto.

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Isso sem falar no processo "indecisório". Escolhido, tudo pronto para a divulgação oficial, sala arrumada no Palácio, ato adiado sem explicação. Em seguida, a assessoria fez o que a presidente mandou fazer: diz a jornalistas que ela ficou muito irritada com o "vazamento" dos nomes escolhidos para compor a equipe econômica. Como assim, vazamento? Eram os funcionários do governo que preparavam, pouco abaixo do gabinete presidencial, a sala onde seria feito o anúncio oficial.

Posse anunciada para amanhã e depois adiada sabe-se lá para quando porque tampouco se sabe mais quando será aprovada uma votação que é vitória de fava contada. Ou pelo menos era até a base aliada resolver fazer jogo duro para aprovar a extinção da meta de superávit primário para 2014. De onde decorre outra trapalhada da presidente. Ela não sabe como funciona o Congresso, não conhece as pessoas e parece não estar preocupada em montar a melhor equipe para fazer essa interlocução. Resultado: vácuo. Espaço em que ficaram parados os presumidos ministros Kátia Abreu e Armando Monteiro.

Houve reclamações do PMDB porque a presidente não se "lembrou" (e pelo jeito o ex-senador e o ex-deputado, ambos do PT, que a assessoram de perto também não) de avisar ao partido do vice-presidente que escolhera uma correligionária para ministra da Agricultura. O jeito foi fazer um novo remendo. Deixar o anúncio oficial de Kátia para depois, junto com outros nomeados, a fim de "parecer" que a indicação foi do PMDB do Senado. Esse grau de improvisação e desorganização é algo inédito e altamente arriscado para o governo, que fica desguarnecido na área política. Consta que a presidente não se importa com o que pensam os demais dos mortais.

Mas então que interprete por si mesma os sinais: a oposição se fortaleceu e a maioria governista é numérica, mas completamente descompromissada com a presidente. Em matéria de desdém – dela em relação aos parlamentares – hoje a base aliada não perde a oportunidade de mostrar que a recíproca é verdadeira. Portanto, se a presidente Dilma continuar insistindo em fazer as coisas do "seu jeito", pode se preparar para colecionar muitas derrotas no Congresso.

Deserto de ideias

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Pouco mais de uma semana depois de desligadas as urnas os institutos Data Popular e Ideia Inteligência fizeram uma pesquisa sobre as eleições. Um dos dados mostra que 81% dos brasileiros consideraram que nenhum dos candidatos apresentou propostas concretas para solucionar problemas do país. Os mais velhos são os mais decepcionados: 88%. O estudo "Radar ideia popular" foi realizado entre os dias 4 e 10 de novembro em 128 cidades do Brasil todo.

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