Fala-se em reforma ministerial mais ou menos como se falou da dita faxina ética: sem confrontar as condições objetivas do cenário real com a expectativa de um quadro ideal.

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Como se redução de pastas, extinção de igrejinhas partidárias, substituição de ministros e toda gama de boas intenções que começam a ser proclamadas pelo Palácio do Planalto não tivessem implicações profundas.

Há, para início de conversa, uma contradição básica com a qual Dilma Rousseff deverá se confrontar se o que pretende é realmente reformular o modo de operação de governo, a partir da constatação feita na semana passada pelo empresário Jorge Gerdau, presidente da Câmara de Gestão criada pela presidente.

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Caso ela concorde com Gerdau que "é impossível administrar com 40 ministérios" e resolva enxugar a máquina, estará se contrapondo à lógica do governo Luiz Inácio da Silva com a qual compartilhou como principal gestora.

Uma ruptura com o passado, cuja execução equivaleria a dizer que o conceito de Lula estava errado, vai muito além da questão do estilo.

Bate de frente com o conteúdo, pois Dilma estaria renegando uma concepção da qual não foi mera herdeira, mas parceira. Por concordar com o modo lulista de governar é que se elegeu presidente sob o estandarte da continuidade absoluta.

Ou o que se disse na campanha eleitoral não era a expressão da verdade? Numa sociedade menos disposta a aceitar pratos feitos, a presidente seria convidada a explicar essa incongruência e explicitar em detalhes as razões da mudança do rumo.

Mas isso só se a ideia for mesmo promover alterações na estrutura da montagem de governo, e não uma conjectura feita com o objetivo de expor um bom propósito que depois será incorporado ao ativo gerador de bons índices nas pesquisas de opinião.

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Depois, como ocorreu com a dita faxina, sempre se pode jogar a culpa na resistência dos partidos.

Pois, então, digamos que o plano seja apenas trocar partidos de pastas e titulares de cadeiras.

Qual será a justificativa, visto que a presidente já substituiu seis ministros sem mudar os termos do contrato?

Para trocá-los de novo em tão pouco tempo faltará um bom argumento. O da simples necessidade de um "rodízio", francamente, não confere nobreza à ação. Confirma que o importante não são as políticas para cada setor, mas a acomodação de aliados aqui e ali, pouco importando quem faça o quê.

Restaria a hipótese de a presidente fazer mudanças localizadas a fim de trocar alguns ministros que lhe desagradam, sem dizer que o faz por pressão de denúncias.

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Se for assim, dessa montanha terá nascido um mirrado rato.

Preliminar

Tomando como exemplo a cidade de São Paulo, o tucano José Serra considera que para o PSDB a questão do discurso é muito mais importante do que propriamente se há ou não candidatos com chance de vitória.

"Candidatura se constrói", diz ele, apontando para o campo adversário para demonstrar: se o PSDB não conta com um nome competitivo na largada, o PT também não.

Em termos de pesquisas, o ministro Fernando Haddad parte de patamar igual ou pior que postulantes dos outros partidos. Luiza Erundina, praticamente uma desconhecida quando se elegeu, é mais um entre outros exemplos.

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O pré-requisito, na visão de Serra, é a definição do campo da disputa – de onde decorrem as alianças –, que será entre os defensores e os detratores da administração Gilberto Kassab.

"O PSDB vai precisar decidir de que lado estará, sob pena de não ter um discurso que seja entendido pela população", diz.

Falando sozinho

Não é necessário repetir a última torpeza de Jair Bolsonaro, desta vez em referência à presidente da República.

Diante da impossibilidade de se punir parlamentar por palavra ou voto, talvez o melhor seja presentear o deputado com um passaporte para o ostracismo, a fim de que o debate sobre suas costumeiras abjeções não lhe dê mais projeção.

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