Como previsto pela direção, o PMDB aprovou a aliança com o PT pela reeleição da presidente Dilma Rousseff. O imprevisto foi a divisão expressa no resultado de 59% a 41%. Na abertura da convenção o senador Valdir Raupp, presidente do partido, havia anunciado uma vitória de pelo menos 80% dos votos. Na verdade, previa uma dissidência de 10%. Ele errou nas contas também depois, ao anunciar os números finais: disse que a aliança havia sido aprovada por 69,7% dos convencionais presentes.

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Errou no total de votos apurados e desconsiderou os brancos, os nulos e as abstenções. Fez, como o governo, uma contabilidade criativa. Inútil, porque nada naquela reunião lembrava a unidade de 2010, quando o PMDB inteiro aderiu com entusiasmo à candidata do então presidente Luiz Inácio da Silva. A começar pela estética do auditório Petrônio Portela, no Senado. Não havia no recinto um único cartaz, faixa ou banner onde estivesse escrito o nome de Dilma ou da dupla cuja aliança seria ali consagrada.

A sombra da dissidência pairava no ambiente. No discurso pela manhã, enquanto os convencionais votavam, Michel Temer disse que não acreditava nas notícias de traições que chegavam a ele. E as traições corriam soltas nas cabines. Em seguida, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, quase que pediu pelo amor de Deus para que os delegados não levassem em conta as divergências locais com o PT na decisão sobre a aliança nacional.

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A maioria, como se viu pelo resultado, atendeu. Mas, nos discursos, não pouparam críticas aos petistas nem fizeram louvações ao governo federal. Ficou patente o seguinte: deram a vaga de vice a Michel Temer, mas não firmaram compromisso inarredável de suar a camisa por Dilma Rousseff. Note-se a delegação do Rio. O ex-governador Sergio Cabral, o prefeito Eduardo Paes, o governador e candidato Luiz Fernando Pezão, todos manifestaram apoio à presidente, criticaram duramente o PT local e não desgrudaram do presidente do PMDB fluminense, Jorge Picciani.

Citado nos discursos, levado à mesa principal dos trabalhos, Picciani é nada menos que o chefe da dissidência idealizados do movimento "Aezão", que na semana passada reuniu 1.600 lideranças políticas do Rio para celebrar apoio a Aécio Neves. Nenhuma delas rompidas com Sérgio Cabral, Eduardo Paes ou Pezão.

Pauliceia desvairada

São Paulo, o berço do PT onde o partido joga suas fichas para quebrar a hegemonia de anos a fio de domínio do PSDB, aparece no recorte da pesquisa do Datafolha como o pior cenário para a presidente Dilma e o melhor para seus adversários. Dos 140,6 milhões de eleitores brasileiros, 31,5 milhões votam em São Paulo. Representam 22% do eleitorado do país. Um peso considerável no resultado geral. Pois no estado Dilma aparece praticamente empatada no primeiro turno com Aécio Neves (23% a 20%) e na simulação do segundo turno perderia para o tucano de 46% a 34% e, para Eduardo Campos, do PSB, de 43% aos mesmo 34%.

O poder de influência de Lula no plano nacional é de 36%; entre os paulistas cai para 24%. Em compensação, é o estado em que há mais margem para conquista de votos: enquanto no país o índice de nulos, brancos e indecisos é de 30%, em São Paulo sobe para 37%.

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Segundo plano

O último mês de intensa exposição da presidente Dilma Rousseff, combinada com sua queda na pesquisa Datafolha, notadamente no índice de apoio no segundo turno – em que ficou a oito pontos porcentuais do tucano Aécio Neves –, leva a uma conclusão lógica: quanto mais aparece, pior para ela. De onde pode ser que não seja uma grande vantagem o fato de sua candidatura ter o maior tempo de televisão no horário eleitoral. Ou então teremos uma situação em que o protagonista não será Dilma.

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