Sejamos claros e francos: os dois principais oponentes da presidente que pleiteia a reeleição, Aécio Neves e Marina Silva, nos últimos quatro anos não se notabilizaram pelo exercício do antagonismo ao governo de maneira a que façam jus à representação do oposicionismo como atividade política constante.
Justiça se faça, nem eles nem ninguém em especial, porque a oposição nunca se organizou desde que o PT assumiu o poder. E por se organizar entenda-se ter planos táticos e estratégicos de atuação não apenas em épocas de eleição, mas principalmente entre um período eleitoral e outro.
Aécio e Marina se dispuseram a enfrentar um governo politicamente atuante, por nascido de oposição belicosa e operante, sem contar com nenhum treino. Tal carência lhes fará falta em caso de vitória, pois vão encarar um PT violento como oposição, mas pode servir de lição para ambos ou para quem dos dois for derrotado.
Quando chegou à Presidência da República, o PT já tinha mais de 20 anos de construção de uma identidade junto à população. Forte e arraigada o suficiente para poder contrariar diversos de seus compromissos o da ética, notadamente sem perder por completo seu patrimônio político.
O PSDB chegou ao poder depressa. Nasceu em 1988 e em 1994 já estava no Palácio do Planalto. Em 2002, perdeu a eleição e nunca mais se achou. Disputou todas as presidenciais, mas não encontrou o caminho para construir uma ponte que pudesse ligar o partido à sociedade entre uma eleição e outra.
Aconteceu com todos os candidatos, mas fiquemos com Aécio Neves, que é o atual. Passou oito anos como governador desenvolvendo um "bom relacionamento com o governo federal". Em 2008, na eleição para a prefeitura de Belo Horizonte, aliou-se ao atual candidato do PT ao governo de Minas Gerais, Fernando Pimentel, para eleger Marcio Lacerda, sob o argumento de que era preciso avançar para além da polarização entre PT e PSDB e criar um "novo ambiente" na política.
Hoje o mineiro está em sua maioria optando por Pimentel em prejuízo do tucano Pimenta da Veiga. Tem culpa? Não foi o eleitor quem criou a confusão. Caminhemos. Eleito senador, Aécio era visto como o líder da oposição, mas não foi assim que se colocou perante a sociedade. Optou por uma atuação discreta, dedicou-se às articulações de bastidores e foi até certo ponto bem sucedido.
Quando entrou em cena o imponderável, a morte de Eduardo Campos, não tinha consigo a fidelidade do público, pois não fora a ele que se dirigira nos últimos anos. Seu alvo, os políticos, com facilidade se transfere para onde os ventos ventam. No Rio, o movimento "Aezão" virou "Marinão" ao sabor das pesquisas que indicavam a conveniência de os correligionários do governador Luiz Fernando Pezão a embarcarem em outra canoa.
E assim chegamos a Marina Silva. Depois da recusa da candidata a presidente em 2010 de apoiar Dilma ou Serra no segundo turno, nunca mais se ouviu falar dela até 2013, quando da tentativa de criar seu partido, Rede Sustentabilidade.
Oriunda do PT, discípula reverente assumida de Lula, crítica de Dilma como se esta não fosse invenção daquele, Marina não fez política da última eleição para cá. Apareceu para concorrer. A última coisa que se pode dizer é que seja uma oposicionista praticante. No exercício do mandato de senadora ela jamais se referiu aos "assaltos" constatados no processo do mensalão nas estatais como agora faz no caso da Petrobras.
A ex-senadora não é uma oposicionista de fato. Assim como Aécio. Se perderem, nada impede os dois de virem a sê-los de direito. A depender dos planos futuros.
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