Senadores e deputados pediriam a adesão da sociedade para pressionar o presidente do Senado a sair. A OAB aderiu. Entidades e personalidades de identificação governista, caso resolvam, como o PT, mudar de posição, ficarão em apuros com a coerência.

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Aprovada a CPMF na Câmara, agora é que o governo vai precisar tratar do assunto como gente grande. No Senado, não bastarão filiações partidárias de última hora, liberação de verbas oriundas de emendas parlamentares ou distribuição de cargos.

Ou há entendimento político, ou a crise na administração estará posta. Na lógica de gerência governamental vigente, reza o dogma, nenhum governo poderia prescindir dos bilhões do imposto do cheque. O governo de Luiz Inácio da Silva muito menos, dada a filosofia adotada por ele de que governar é arrecadar e gastar. Portanto, o Planalto fez e continuará fazendo qualquer negócio para prorrogar a CMPF, de preferência até o fim de dezembro para não haver solução de continuidade na arrecadação.

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Antes, quando os tempos eram mais risonhos e francos, isso estava quase assegurado. A oposição estava dividida, o PMDB unido e tudo, no final, previsto para se resolver mediante uma ou outra concessão. Mas as coisas de complicaram, como de resto estava previsto e só o governo não viu que Renan Calheiros caminhava celeremente para se transmutar de solução a problema, e hoje o quadro é de sinuca bicudíssima.

O PT já ensaia revolta conjunta contra a permanência de Calheiros no cargo, mas ainda não pode tomar uma posição partidária inequívoca. Equilibra-se entre os que se manifestam para salvar a pele junto à opinião pública e os que ainda aguardam uma ordem do Planalto.

Este, por sua vez, não pode fazer nada enquanto não sentir que o PMDB abandonou o presidente do Senado e que não vai aprontar alguma escaramuça. Ganha-se – ou melhor, perde-se – tempo esperando essa definição. Mas, e se ela não vier?

Aí não restará ao governo outra opção a não ser se entender com a oposição para poder sonhar em se arriscar a prescindir dos votos dos pemedebistas fiéis a Calheiros. Seria uma saída natural e de não muito difícil execução se governo e oposição tivessem alguma ponte institucional de diálogo. No Parlamento, não existem interlocutores e não existirão tão cedo enquanto a oposição não dissipar a desconfiança de que pretende a presidência do Senado e os governistas, por seu turno, não desembarcarem de vez da canoa do presidente da Casa.

No governo tampouco há mensageiros abalizados para a tarefa. Não parece assaltar à percepção do presidente Lula que sua obsessão em resolver questões do inconsciente desqualificando ao molde dos complexos o antecessor não ajuda na aproximação.

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Prometer, desde já, surras eleitorais em 2010 configura-se outro fator de distanciamento. Faltando cabeça fria e rumo firme, ficam todos desarvorados girando atrás dos respectivos derrières, sem uma estratégia organizada para a remoção do obstáculo maior

Note-se que a primeira ação suprapartidária foi posta em prática na terça-feira, cinco meses, cinco processos, uma absolvição e a materialização de um inédito ambiente de casa de cômodos depois. Reuniram-se na urgência, expuseram seu descontentamento em discurso, mas do necessário entendimento de gente grande para que o drama chegue ao seu final ainda não se tem notícia.

Torpor

Senadores e deputados pediriam a adesão da sociedade para pressionar o presidente do Senado a sair. A OAB aderiu. Entidades e personalidades de identificação governista, caso resolvam, como o PT, mudar de posição, ficarão em apuros com a coerência. O exemplo da UNE, para citar só uma, é eloqüente.

Quando da absolvição do primeiro processo, a presidente da União Nacional dos Estudantes, Lúcia Stumpf, invocou neutralidade: "Se, ao final das investigações, o senador for considerado culpado, vamos cobrar a punição necessária." Palavras de vetusta cautela em contraposição ao vigor juvenil – não raro pueril – que já foi a marca registrada da participação dos estudantes na vida política do país.

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Velhinha

O funcionário afastado por Renan Calheiros por suspeita de participação em esquema de espionagem contra senadores, Francisco Escórcio, será alvo de investigação por sindicância interna. Feita por funcionários do Senado, hierarquicamente submissos às ordens de Calheiros, suspeito número um de ser o mandante do crime.

Se houver alguém capaz de apostar meio real na lisura dessa investigação, será herdeiro daquela finada senhora outrora residente em Taubaté.

Reincidente

Não foi desprovido de ocultas intenções o convite para que o senador Jefferson Peres relate o processo considerado mais complicado contra Renan Calheiros, o da compra das rádios por meio de laranjas. Há, por incrível que pareça, intenção de intimidar o senador. A vocação para persistir no equívoco da tática do ataque já recende a burrice.

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