Desfeito o namoro com o PMDB, praticamente selado o divórcio com o DEM e acertado um noivado com promessa de casamento com o PSB, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, já começa a reunir adesões ao partido que pretende criar a partir dos idos de abril próximo.
No dia 19 de março Kassab irá a Manaus a convite do governador Omar Aziz (PMN), que na oportunidade pretende anunciar seu apreço à criação da legenda e anunciar filiação tão logo se concretize o projeto. Junto com ele, o prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB), e o senador pelo Acre Sérgio Petecão (PMN).
No dia seguinte, Gilberto Kassab estará em Salvador para ouvir o mesmo, em público, do vice-governador Otto Alencar (PP) e mais cinco deputados federais. Note-se: sem qualquer obstáculo imposto pelo governador petista, Jaques Wagner.
O vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (DEM), também seguirá Kassab, mas outras figuras de destaque de seu atual partido, como o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, e a senadora Kátia Abreu (TO), se mudarem para o PDB será mais adiante.
Por enquanto ficam, atendendo aos apelos de Marco Maciel, Jorge Bornhausen e José Agripino Maia, que também pediram ao prefeito de São Paulo que reconsiderasse a decisão. Marcaram com ele uma conversa para depois do dia 15, quando o DEM fará uma convenção extraordinária.
Numa escala de zero a dez, a chance de Kassab mudar de ideia é um. Por essa mesma régua a junção do prefeito ao PMDB que já foi oito caiu para dois. A hipótese mais provável é a de que se confirmem os entendimentos com o PSB: uma futura fusão, na qual seria mantida a sigla do partido presidido pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ou alguma outra forma de parceria: coligação ou bloco parlamentar.
A razão da troca do PMDB pelo PSB é muito simples, o primeiro rejeitou e o segundo aceitou as condições de Kassab: o comando do processo de sucessão municipal em São Paulo no ano que vem e independência para apoiar quem quiser (leia-se José Serra) na eleição de 2014.
O PMDB, que para os planos de Kassab seria mais interessante por causa da densidade e amplitude do partido, achou o preço caro demais. Já Eduardo Campos foi totalmente permeável à proposta cujo invólucro é a criação de uma força política alternativa à supremacia do trio PT, PMDB e PSDB.
O discurso que o prefeito de São Paulo tem feito nessas conversas é o de que não pretende alinhar-se automaticamente ao governo federal. Mas registre-se que todos os partidos e políticos com os quais Kassab tem se articulado pertencem à base governista.
Se tudo sair como pretende o prefeito, o novo partido poderia obter o registro definitivo num prazo de três meses e aí estaria apto para fazer a fusão com o PSB, cujo resultado inicial já seria uma expressiva "bancada" de sete governadores.
O que farão com esse capital é impossível antecipar. Mas que farão algo não há a menor dúvida.
Ladeira abaixo
O que dizer de Tiririca na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, diante de João Paulo Cunha na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (presidida em 2009 pelo notório Eduardo Cunha) e de Paulo Maluf, Valdemar da Costa Neto e Newton Cardoso na Comissão de Reforma Política?
Apenas lamentar que o eleitor (todos passaram recentemente pelo crivo das urnas) e os partidos com suas escolhas confiram tanto menosprezo ao Parlamento.
Carochinha
A presidente Dilma Rousseff diz que o governo não fez política com o programa Bolsa Família na eleição. E a fada do dente informa que também não.
Nas ostras
O deputado e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, mandou o PT para aquele lugar. Disse em público com sua habitual rispidez o que o PMDB cansa de dizer em particular com sua proverbial perfídia.
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