A palavra de ordem oficial é que anistia não se negocia para os policiais que "cometeram crimes" durante a greve na Bahia ou que venham a cometê-los em outros estados onde a polícia ameaça paralisações.

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"Se anistiar, aí vira um país sem regras", disse ontem a presidente Dilma Rousseff com propriedade, mas sem perfeita coerência no cotejo com realidades passadas e presentes.

A prática, na concepção do grupo ora no poder, tem sido a da não punição a grevistas armados – haja vista uma anistia concedida pelo então presidente Lula em 2010 – e a da tolerância a movimentos violentos como, por exemplo, o MST que até a Câmara dos De­­putados já invadiu.

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De onde a posição atual pode até ser vista como uma mudança positiva, mas soa dúbia. Ap­a­­renta rigor, mas na prática deixa aberta a possibilidade de a negociação envolver, sim, anistia para a maioria. Tudo depende do entendimento do que seja "crime".

Excetuados os 12 policiais com mandados de prisão expedidos e alguns já cumpridos, a situação da maioria nesse aspecto é por hora hipotética.

Na hipótese de o governo entender como crime a quebra de hierarquia e a decretação judicial de ilegalidade pelo descumprimento do veto da Cons­­tituição à greve e associação sindical para militares, estarão todos os grevistas en­­quadrados no critério da anistia inegociável.

Mas, na hipótese de serem considerados criminosos apenas aqueles que infringiram o código penal, aí a coisa fica mais complicada.

Não é possível incluir na negociação pelo fim da greve uma anistia que depende do critério a ser adotado. Se a regra é geral tendo como parâmetro a Constituição, não haverá como diferenciar grevistas pacíficos de agressivos.

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Pelo menos não antes de se identificar quem foram os responsáveis por depredações, incitações à violência e, possivelmente, até por assassinatos conforme suspeitas cuja autoria é atribuída aos governos estadual e federal.

Diferentemente de outras ocasiões, desta vez o poder público radicalizou. Pode-se discutir se fez isso no tempo correto, se pesou e mediu adequadamente as consequências disso nas relações futuras entre a polícia e o governo da Bahia, mas fato é que avançou a um ponto que fica difícil recuar.

E recuo, no caso, seria a concessão de anistia, digamos, administrativa à maioria sob o argumento de que há diferença entre reivindicar salários e pôr em risco a segurança do público.

À luz da Constituição, todos cometeram ilegalidade. Assim como afrontaram a lei policiais grevistas em outros estados e grupos cuja prática é a violência contra propriedades públicas e privadas.

No calor dos acontecimentos e da premência em se encontrar uma solução, pode até parecer uma questão secundária, mas tanto o governo estadual quanto o federal estão numa sinuca: ou bem mantêm a potência do rugido leonino com que entraram na história ou sairão dela aos miados de gatinhos.

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Custo benefício

A senadora Marta Suplicy cobra caro a perda da legenda para disputar a prefeitura de São Paulo. A primeira parada ela ganhou, continuando por mais um ano na vice-presidência do Senado.

Agora, quando qualifica como "pesadelo" a possibilidade de uma aliança do PT com o prefeito Gilberto Kassab, põe um preço – alto do ponto de vista da conveniência do PT nacional – na sua incorporação à campanha de Fernando Haddad.

Erro de pessoa

A presidente Dilma Rousseff saiu-se com um anúncio de "cobrança de resultados" diante da constatação de paralisação de obras como da ferrovia Transnordestina e do projeto de Transposição das Águas do Rio São Francisco.

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Há uma inversão de lógica nessa posição. Oito anos depois de atuação como principal figura na gerência do governo Lula e agora completando um ano na Presidência da República, é Dilma quem deve ser cobrada no quesito resultados.

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