Na observação dos colegas de ministério e de partido do ministro Aloizio Mercadante, nada mais distante de suas negativas de que pretenda pleitear uma candidatura presidencial do que os seus gestos na chefia da Casa Civil.
A sensação ficou mais forte entre petistas e integrantes da nova equipe depois de uma entrevista, há três dias, confirmando apoio a Lula para 2018 e dizendo que essa pretensão (a disputa) não está em seu horizonte.
"Já estou chegando a uma fase da vida em que dediquei tudo o que podia fazer de melhor para a vida pública e para o país", disse, anunciando decisão de se dedicar aos netos. A declaração soou peremptória, extemporânea e desprendida demais para ser verdadeira.
Mas, sobretudo, contraditória em relação aos próprios movimentos. O poder delegado pela presidente Dilma Rousseff ao ministro leva os observadores a se sentirem autorizados a mapear sinais dos preparativos dele para se posicionar na fila da sucessão, caso o ex-presidente não venha a ser o candidato.
Um indício de sua força no governo detectado por um ministro "novo em folha", não petista, embora dilmista até o último fio de cabelo: a presidente está em férias, mas as decisões relativas aos ministérios estão sendo tomadas normalmente no Palácio do Planalto. Conclusão, Aloizio Mercadante é quem está mandando no governo, fazendo as coisas andarem.
Do PT chegam notícias a outro gabinete da Esplanada onde tem assento ministro remanescente e agora remanejado, pertencente a partido aliado, segundo as quais o chefe da Casa Civil está cuidando com muito esmero do partido em São Paulo, sua base eleitoral que saiu machucada da eleição presidencial.
De acordo com relato de petistas, Mercadante tem tratado de atrair as lideranças locais e de isolar Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo do Campo, um dos últimos expoentes do PT paulista, visto que a saída de Marta Suplicy é dada como certa.
O ministro-chefe da Casa Civil foi também artífice de uma parte significativa da formação do ministério. Atribui-se a ele a ideia de reduzir a influência do PMDB no governo dando ao partido pastas de menor importância e distribuindo ministérios mais robustos a partidos antes periféricos na base, alterando o perfil da aliança governista.
O argumento é o de que os peemedebistas só operam pela via do fisiologismo e, como o partido é muito grande, o Planalto fica excessivamente refém do método. Os outros, embora atuando pelo mesmo sistema, sendo menores não teriam tanto poder de fogo.
Ocorre que Mercadante pode ter cometido um erro de cálculo com base em seus conflitos antigos principalmente com o PMDB do Senado, justamente ao subestimar a capacidade de articulação e reação do partido no Congresso. A conferir em futuras votações de interesse do governo.
As digitais do ministro foram identificadas também na conformação do Palácio do Planalto e na colocação de possíveis concorrentes na divisão de poder. A equipe palaciana contemplou a presença pessoas da estrita confiança da presidente junto a ela, como Pepe Vargas e Miguel Rossetto respectivamente na Articulação Política e na Secretaria-Geral com a distância de políticos experientes de Dilma.
Jaques Wagner, um habilidoso articulador, foi parar no Ministério da Defesa, uma irrelevância política. Ricardo Berzoini ficou com uma pasta importante (Comunicações), mas seria alguém com experiência, firmeza e coragem para estar ao lado da presidente e ajudá-la a enfrentar o Congresso, ambiente adverso a Mercadante.
Fernando Pimentel, governador de Minas Gerais, que desbancou os tucanos e se credenciou no âmbito nacional, reivindicoue não levou a indicação do Ministério da Educação. Ficou para o Pros, no xadrez de Mercadante.
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