Dilma Rousseff tem surpreendido favoravelmente desde a eleição. Fez um primeiro discurso falando em corte de gastos, liberdade de imprensa, direitos humanos, autonomia das agências reguladoras, prioridade ao controle da inflação, e acendeu a esperança de que ela possa se revelar na Presidência da República melhor que a encomenda autocrática feita pelo presidente Luiz Inácio da Silva.

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Deu uma primeira entrevista [ainda ao lado de Lula] reafirmando aquelas posições, fez uma declaração condenando o apedrejamento da iraniana Sakineh Ashtiani e mais recentemente manifestou-se francamente contrária à abstenção do Brasil na resolução da ONU condenando as violações aos direitos humanos no Irã. Além de mandar o ministro da Fazenda já indicado anunciar cortes de gastos.

Há, entretanto, léguas a percorrer antes que se possa dizer se as palavras de Dilma vão ou não se transformar em atos quando ela assumir a Pre­­­sidência.

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O PT é especialista em ganhar eleições com um discurso e governar com outro. Não obstante o caráter antiético da prática, ela tem sido benéfica ao país. Se Lula não tivesse feito o contrário do que disse teria posto o Brasil no rumo do atraso na economia, como fez na política ao se aliar aos piores e aprofundar os velhos vícios vigentes.

Na última campanha, a então candidata viu e ouviu calada Lula fazer e dizer barbaridades na área dos direitos humanos. A comparação dos presos de Cuba a criminosos comuns e a recusa de condenar o suplício imposto a Sakineh por considerar "uma avacalhação" críticas a leis de outros países.

Negou também que sequer chegasse perto de ajustes. Segundo disse à época, o "Brasil não precisa."

Eleita, assumiu um discurso oposto. Tão ao contrário do que havia dito na campanha que reproduzia o discurso do oponente José Serra. É como se Dilma dissesse agora que o adversário estava certo.

É correto para com o eleitorado? Não seria se alguém estivesse ligando para questões como coerência, objetividade, verdade, honestidade e ética.

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De todo modo as palavras da presidente eleita, e até a maneira como ela se expressa, autorizam a esperança de que dias melhores virão no que toca às responsabilidades, à conduta e até ao linguajar de governantes.

O problema, e o que movimenta o pé atrás, são as relações íntimas de Lula, PT e companhia com a arte de embromar. Ou, como gosta de dizer a presidente, de tergiversar.

Sobre acordos

O presidente Lula acusou "governos anteriores" de terem feito acordo com bandidos nos morros do Rio. Deveria pensar duas vezes antes de, nesse caso, recorrer ao "nunca antes".

Tanto na Rocinha quanto no Complexo do Alemão há obras do PAC sendo tocadas há algum tempo. Com ordem de quem e por conta de qual estratagema o presidente acha que os operários do Estado conseguem trabalhar em territórios dominados?

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Depende

Embora não haja chance de o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ficar no DEM, há uma possibilidade de ele se transferir para o PSB e não para o PMDB.

Há quem argumente que o PMDB tem problema sério de imagem e que o embate de grupos internos dificulta o cumprimento de acertos. Em função disso, tratos fechados hoje a respeito de candidaturas não ne­­cessariamente teriam garantias para 2014, quando interessa ao prefeito ser candidato a governador.

É um raciocínio alimentado por amigos influentes que Kassab tem no PT.

Amigos do rei

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O Maranhão é o penúltimo colocado em ciências e leitura e o último em matemática no ranking dos estados sobre desempenho educacional.

A oligarquia dos Sarney, que manda lá há mais de 50 anos, sendo os últimos sob reverências do governo Lula, anda a requerer tratamento. De choque. Nada a ver com psiquiatras, mas com gente decente que renove a política no estado.