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"Reclame, reclame! É só isso que passa na tevê: reclames!". Meu avô resmungava, levantava da poltrona, desligava a tevê com a bengala e saía da sala. Eu, brincando com minhas bonecas Susi, achava engraçado aquele azedume do vô com os "reclames", que era como ele chamava os intervalos comerciais. A cena, repetida todo domingo, ocorria entre 1970 e 71. Ficou gravada na memória, talvez porque desde pequena eu prestasse atenção em comunicações.

Meu avô não viveu o suficiente para constatar que: a) os "reclames" invadiram de vez a nossa vida e b) a publicidade brasileira evoluiu imensamente. Tanto, que está entre as melhores do mundo – se não for a melhor. É criativa, ousada, inteligente, e agrega novas tecnologias o tempo todo.

Hoje, meus filhos pré-teens, e a filha adolescente, prestam mais atenção, muitas vezes, nos anúncios de tevê e de revistas do que nos programas ou reportagens. Analisam, discutem entre eles quais são bacanas, engraçados, quais são "imbecis". Alguns eles consideram geniais e correm para assistir. Jingles viram hits na escola, personagens de campanhas se tornam populares.

Em todo o planeta, e aqui no Brasil também, publicitários se reúnem em seminários e workshops o tempo todo, para debater temas como convergência de mídias, conteúdos interativos, novas mídias, multiplataformas e outras inovações. Mídias "convencionais" como jornais, revistas e portais de notícias também estão se mexendo para não perder leitores, e conquistar novos. Enfim: todo mundo que mexe com comunicação está ligado, plugado e antenado, dançando conforme a música.

Dúvidas

Mas o marketing político continua na era dos "reclames". Fico pensando: Onde estão todos esses caras, e garotas da nossa publicidade genial, na hora de bolar uma campanha política? Por quê aqueles blogueiros/as de sucesso não estão colaborando no marketing on-line dos candidatos? Cadê os publicitários jovens, ousados e até arrogantes, para virar esse negócio de "marketing eleitoral" de ponta-cabeça? A maior pergunta de todas é: quem são, afinal, os tais marqueteiros políticos, muito bem-pagos para comandar campanhas, decidir o que os candidatos vão falar e como vão se comunicar com o eleitor?

Eu não sei. Não os conheço. Fico imaginando como eles se divertem. O que lêem? Com quem conversam, que lugares freqüentam? Será que eles tentam inovar algo nas campanhas e os próprios candidatos é que não aceitam? Ou será que estão simplesmente acostumados a ganhar dinheiro de dois em dois anos repetindo fórmulas gastas? Aguardo respostas. Leitor/eleitor, por favor, me ajude a entender.

Bia Moraes escreve aos sábados.

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