Alguns (e)leitores devem ter optado no final de semana por um passeio cultural, procurando distração pelos centros culturais e salas de exposição municipais. Esses mesmos (e)leitores devem ter ficado, assim como eu, profundamente decepcionados. Quase todas as salas de exposição e centros culturais estavam fechados. Em alguns casos, não se sabe a razão, já que não havia informações disponíveis; em outros, disseram-me que não havia exposição prevista para o final de semana. Ora, como é possível que um local de exposição fique sem exposições bem no final de semana, exatamente quando as pessoas têm tempo e disposição para irem a lugares como esses?
Não sou daqueles que acham que Curitiba é pura propaganda. Nenhum grupo político se sustenta durante tanto tempo no poder ancorado apenas no marketing. Mas no caso das atividades culturais, penso o contrário. Há muita propaganda, muita aparência, muita empáfia e pouca substância. A cidade não tem uma biblioteca municipal que seja, de fato, local de pesquisa com acervo significativo. As atividades culturais que eventualmente ocorrem são mal divulgadas e pouco envolvem a cidade e sua população. Não basta existirem grandes eventos mediáticos, como o Festival de Teatro. É preciso uma vida cultural mais ativa, perene, menos pretensiosa, porém mais eficaz. Projetos interessantes fracassaram. O que ocorreu com a intenção de transformar o bairro do Rebouças num lugar de agitação cultural permanente? Fui ao Moinho localizado naquele bairro e fiquei sabendo que o local tinha sido destinado exclusivamente para atividades administrativas!
Se Curitiba pretende ser de fato uma "Capital cultural", seria fundamental ultrapassar essa fase da mera propaganda. E se isso não ocorrer por apego sincero às atividades culturais, que ocorra pelos seus efeitos materiais. Sabe-se hoje que a prestação de serviços culturais gera turismo, empregos e impostos. Nesse caso, não importam os motivos, desde que a boa ação seja praticada.
Renato Perissinotto é cientista política e escreve às terças-feiras.
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