Neste ano a urucubaca de agosto começará no dia 22, quando os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal começarão a decidir o que fazer com as 40 denúncias da turma do mensalão. É improvável que sejam todas aceitas ou todas rejeitadas. O divisor das águas políticas será o julgamento do caso de José Dirceu e, em qualquer hipótese, a decisão do STF avivará as chamas de 2005.

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Se o Supremo não aceitar a denúncia do comissário, um pedaço do governo estará estimulado para avançar sobre os adversários que transformaram a vida do PT num inferno. Se o Supremo acolher a denúncia, Nosso Guia entrará num inferno astral.

Há muita gente atrevida fazendo contas. O Supremo daria uma ajuda aos dois lados se providenciasse a imediata divulgação da íntegra de cada voto, logo depois dele ser lido. Reduziria a influência dos explicadores de fim de tarde. O julgamento poderá terminar ainda este mês.

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PSDB do T

O pulo de FFHH colocando-se contra a prorrogação da CPMF sela seu distanciamento da linha de oposição-companheira dos governadores José Serra e Aécio Neves.

Como todos os ex-governantes, FFHH é contra os impostos criados por ele e preservados por seus sucessores. Serra e Aécio não querem mexer numa tunga que poderá vir a ser deles.

Apagão terrestre

Os aerocratas da Infraero de Guarulhos arrumaram um novo apagão, o dos táxis. Monopolizado por uma cooperativa, na quarta-feira ele conseguiu produzir uma fila de 40 minutos. Quando a patuléia gastar mais tempo esperando o táxi do que voando do Rio para São Paulo, a Infraero deveria oferecer um coquetel.

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FidelNet

Fidel Castro enriqueceu a crônica do realismo mágico latino-americano.

Tornou-se um ditador octogenário de saúde débil que passa o dia na internet colhendo informações para suas "Reflexiones del comandante en jefe".

Para ele, o fato de os cubanos não terem acesso livre à internet é uma irrelevância.

Quem quiser passear pela obra do Guia Genial, pode procurar no Google o título "Reflexiones anteriores del comandante en jefe Fidel Castro".

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Almanaque

Na periferia de competições esportivas internacionais acontecem coisas incríveis. Tarso Genro tinha 16 anos em 1963, quando realizaram-se em Porto Alegre os Jogos Universitários Mundiais. Nessa ocasião, um agente da CIA encontrou-se com o chefe da delegação cubana, comandante Rolando Cubela. Ele aceitou a tarefa de matar o comandante Fidel Castro e pediu que lhe entregassem um rifle com mira telescópica. Meses depois, recebeu uma seringa hipodérmica com veneno.

Cubela militara na rede de terrorismo urbano de Fidel e matara o chefe da segurança do presidente Fulgencio Batista. O último encontro de Cubela com a CIA deu-se na Cidade do México, dois dias antes do assassinato de John Kennedy. Para quem gosta de teorias conspirativas, atribui-se a seguinte frase a Lyndon Johnson, que ficou com a presidência dos Estados Unidos: "Kennedy estava tentando matar Castro. Castro pegou-o primeiro".

Cubela acabou preso em Cuba. Em 1979, o comandante en jefe deixou que fosse para a Espanha, onde vive.

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José Genro e Tarso Dirceu

A sabedoria convencional ensina que a nação petista tem duas tribos.

Uma, mais aguerrida, é a do comissário José Dirceu. Outra, herdeira de um antigo liberalismo, é a do seu colega Tarso Genro, atual ministro da Justiça.

Tudo bem. Se o caso dos atletas cubanos que tentaram fugir da Ilha tivesse caído na mesa de Dirceu, ele seria capaz de fazer o seguinte:

1) Colocá-los sob custódia, acessíveis para os companheiros do aparelho castrista, inacessíveis para advogados, jornalistas e representantes de organismos da sociedade civil.

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2) Deportaria os boxeadores no primeiro avião que pudesse devolvê-los a Fidel Castro. Não havendo vôo de carreira, jatinho fretado serviria.

3) Divulgaria um depoimento no qual eles recusaram um oferecimento de asilo. De quebra, essa narrativa revelaria que eles foram drogados e mantidos incomunicáveis por agenciadores alemães. (Quatro dias foram suficientes para que os atletas suprimissem, em Cuba, a história do seqüestro.)

O repatriamento dos boxeadores caiu na mesa do comissário Tarso Genro e ele agiu como se supunha (num prejulgamento) que Dirceu agiria.

Quem quiser acreditar que existem grandes diferenças entre os dois, pode perseverar, mas vai perder tempo.

Se for candidato a alguma coisa em Cuba, Tarso Genro terá a eleição garantida. No Brasil, precisará carregar, orgulhosamente, os nomes de Rigondeaux e Lara na sua biografia jurídica e política.

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Só uma oposição renitente e desinformada insiste em desdenhar as prontas e enérgicas providências de Nosso Guia para recuperar o sistema aeroportuário nacional, abandonado pelos governantes anteriores, desde Tomé de Souza.

O governo acaba de anunciar um aporte adicional de R$ 350 milhões para obras em pistas de pouso que pedem manutenção. Além disso, só para o Aeroporto de Goiânia, o orçamento-companheiro previu in1’vestimentos de R$ 350 milhões. Mais: a Medida Provisória 367, de abril passado, colocou à disposição da Infraero R$ 350 milhões para serem gastos em obras que considerasse necessárias. Basta somar: dá R$ 1,05 bilhão.

Quem acreditou fez papel de bobo. Foram os mesmos R$ 350 milhões que mudaram de roupa, enganando a escumalha. A mágica começou com uma emenda parlamentar apresentada no ano passado, durante a tramitação do Orçamento de 2007. Ela destinava R$ 350 milhões para o Aeroporto de Goiânia. (Para gastar esse ervanário naquele aeroporto, seria necessário folheá-lo com ouro.) A MP 367 generalizou a aplicação desses R$ 350 milhões para quaisquer aeroportos da Infraero. Os mesmos recursos foram transmutados num aporte orçamentário para o aumento de capital da Infraero e, em seguida, num lance publicitário, para as obras das pistas.

A mágica não agrediu leis, nem normas administrativas. Ofendeu apenas a inteligência de quem acredita no governo. Bastaria que o aparelho de propaganda parasse de dizer que Nosso Guia distribui dinheiro, admitindo honestamente que ele remaneja recursos do Orçamento, sem dar a impressão que ele se multiplica.

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Os çábios do Planalto criaram uma versão embusteira da fábula napolitana de Polichinelo. Tendo conseguido um emprego em que receberia R$ 3 mil por mês, perguntou o que isso significava por quinzena (R$ 1,5 mil), por semana (R$ 700) e por dia (R$ 100). A partir dessa conta, queria receber R$ 100 por dia, R$ 700 por semana, R$ 1,5 mil por quinzena e R$ 3 mil por mês. Seu salário valeria R$ 11.800.