Aprofundo aqui o comentário que fiz ontem em vídeo para O Globo a Mais. Dois estudos divulgados ontem revelam com detalhes as razões da insatisfação generalizada que pesquisas eleitorais já haviam ressaltado: o Pew Research Center, um dos mais importantes dos Estados Unidos, indica que 85% dos entrevistados apontam a alta da inflação como a razão da insatisfação registrada na pesquisa. Dois terços dos entrevistados consideram a situação econômica ruim, em contraste com 59% que a consideravam boa no ano passado.

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A corrupção no meio político, a segurança e a saúde são as maiores preocupações depois da inflação, segundo o Pew Research Center. Já a Pnad Contínua do IBGE mostra que a taxa de desemprego subiu para 7,1% no primeiro trimestre deste ano, mas revela situações graves em regiões do país como o Nordeste, onde o desemprego chega a 20% na faixa de 18 a 24 anos.

A taxa de desemprego entre os menos instruídos está em dois dígitos, enquanto entre os mais instruídos, com curso superior, ela fica em 4%, menor, pois, que o índice nacional.

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A deterioração dos índices favoráveis ao governo impressionou os organizadores da pesquisa, que a realizam desde 2010, quando 50% dos pesquisados disseram-se insatisfeitos com o governo, em contraponto com o número atual de 72% de insatisfeitos. O nível de frustração dos brasileiros em relação à direção do país, a economia e seus líderes só tem paralelo em países que passaram por convulsões sociais, como o Egito, disse a analista brasileira Juliana Horowitz, uma das responsáveis pela pesquisa.

Para piorar a situação do governo, a melhor avaliação que a presidente Dilma consegue é na economia, onde 63% desaprovam sua gestão. Os outros setores da administração têm índices ainda piores: saúde e combate à criminalidade, por exemplo, têm 85% de desaprovação; e combate à corrupção, 86%.

Já a pesquisa Pnad Contínua do IBGE mostra que as regiões em que a presidente Dilma tem o maior apoio são as que têm piores níveis de desemprego. A Região Sul, que tem sido hostil aos candidatos petistas nas últimas eleições, tem o menor nível de desocupação, de apenas 4,3%, taxa que vai a 2,4% na faixa daqueles que têm ensino superior.

No Nordeste, ao contrário, o desemprego ficou em 9,3%, acima da média nacional. A principal diferença entre a Pnad Contínua e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) é a abrangência. Enquanto a PME acompanha o mercado de trabalho nas seis maiores regiões metropolitanas brasileiras, a Pnad Contínua tem dados de 3.464 municípios.

Mesmo o governo afirmando que a queda em relação ao último trimestre do ano passado não é um dado correto, pois não se comparam períodos do ano diferentes, outros dados confirmam a piora do mercado de trabalho. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de abril mostram que a indústria de transformação, em vez de contratar, como é característica do mês, cortou milhares de empregos.

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O mês de abril teve também o pior índice de criação de empregos desde 1999, com uma queda de 46% em relação ao mesmo período do ano passado. O número de pessoas ocupadas com carteira assinada é inferior em 600 mil ao resultado do último trimestre de 2013.

São números que, reforçados por férias coletivas e cortes localizados de empregos devido ao crescimento pífio previsto para este ano — cerca de 1%, segundo a maioria das estimativas — e aos muitos feriados por causa da Copa do Mundo, indicam problemas à frente para a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff no talvez único ponto forte de seu governo: a criação de vagas de trabalho.

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