Nosso Guia criou a décima loteria federal. É a Pró-Cartolas, atende pelo nome de Timemania e é um exemplo de iniqüidade e decadência.
Destina-se a tomar dinheiro do andar de baixo para cobrir delinqüências fiscais da cartolagem dos clubes de futebol. Eles devem à Viúva algo como R$ 1,9 bilhão. Campeão brasileiro, o calote do Flamengo está em R$ 150 milhões.
É iniqüidade porque vai buscar no andar de baixo o dinheiro que desapareceu no de cima. De cada dez apostadores das loterias federais, oito têm renda inferior a três salários mínimos. Neste ano, a Caixa Econômica poderá arrecadar R$ 6 bilhões com as loterias, e o governo fica com mais da metade desse ervanário.
A voracidade do Estado em cima dos sonhos da patuléia vem desde o século 3 antes de Cristo, quando a dinastia Han usou o jogo para financiar o final da construção da Grande Muralha. O Pró-Cartolas é um indicador de decadência porque, enquanto o imperador dos chins fez a muralha para proteger todo o seu povo, Nosso Guia cevará senhores feudais dos clubes de futebol, que não pagaram impostos ou contribuições. Eles receberão 20% do valor arrecadado com as apostas. É a primeira loteria que nasce para beneficiar roleta viciada.
Percebe-se o alcance de decadência política quando se vê que a dinastia Lula já criou uma jogatina (Lotofácil) dizendo que o dinheiro iria para o Fome Zero. Patranha. Foi para as burras do Planalto.
Pior: em 2004, anunciou-se outra forma de tavolagem, um sorteio especial da Mega-Sena no fim do ano, com o propósito de ajudar o financiamento do ensino superior. A idéia maturou na gaveta e, na sua nova roupagem, financiará sonegadores.
Patrulha
A Justiça do Trabalho condenou a empresa de teleatendimento TNL Contax (um ramo da Telemar) a pagar R$ 4 mil a uma funcionária e mais R$ 2,6 mil por litigância de má-fé. A trabalhadora tinha direito a cinco minutos por dia para usar o banheiro. Não podia passar disso.
Com algumas variações, a patrulha urinária é comum nesse mercado. Como não adianta reclamar genericamente, é o caso de lembrar aos clientes das empresas que contratam o atendimento da TNL Contax que do outro lado da linha pode estar uma brasileira com banheiro tabelado.
Aqui vão dez clientes da Contax, certamente desavisados das normas impostas aos trabalhadores:
Banco ItaúBanco Real ABN AmroBradescoBanco HSBCCitibankCorreiosiGNetUnibancoUolO PhD de Lula
Lula acha que o governo financia a elite quando dá US$ 2 mil mensais a bolsistas que fazem doutorado no exterior.
Ele gosta de bolsa, mas não entende de elite. Ganha US$ 2.200 da Viúva para não fazer nada. É o seu Bolsa-Ditadura. Com uma diferença: os bolsistas recebem o dinheiro por tempo determinado. Lula diz que "este país conseguiu eleger um presidente da República que não tem diploma universitário". O país fez mais: elegeu um sem-diploma com bolsa de doutorado vitalícia.
Pessoas que efetivamente foram perseguidas e prejudicadas por motivos políticos convivem com a transformação do ressarcimento numa feira de picaretagens onde há 15 mil correntistas no Bolsa-Ditadura. Os beneficiados pelas Bolsas-Doutorado não chegam a mil.
Na Justiça americana, o "Cansei" já ganhou
O juiz Frederico Moreno, da Flórida, aderiu ao movimento "Cansei", liderado pelo doutor Luís Flávio Borges DUrso, presidente da Ordem dos Advogados de São Paulo. Cansado de patranhas e de latino-americanos que se julgam acima das leis do país, condenou o apóstolo Estevam Hernandes e sua mulher, a "bispa" Sônia, a dez meses de cana. Em janeiro passado, a dupla foi apanhada entrando nos Estados Unidos com US$ 56 mil escondidos em malas, mochilas e até mesmo na capa de uma Bíblia. Haviam declarado que traziam apenas o limite legal de US$ 10 mil, mas, na cadeia, confessaram a delinqüência.
O doutor DUrso é o incansável advogado da dupla no Brasil. Quando eles foram presos, disse o seguinte: "Por um equívoco no preenchimento da declaração aduaneira quanto aos valores transportados pela família, foram chamados a prestar esclarecimentos perante as autoridades locais". Menos. Eles foram presos, fichados e soltos condicionalmente, com braçaletes eletrônicos. Pagaram o sinal de uma fiança de US$ 250 mil. Desde então, obrigaram-se a permanecer em Miami. DUrso não deveria ter acreditado em quem lhe contou a história do engano inocente, e quem a ouviu dele teria feito melhor se dela duvidasse.
Como a Justiça norte-americana não se cansa, a bispa e o apóstolo puderam escolher: na tese do "equívoco", ou similar, iriam a júri onde uma condenação custaria até dez anos de cadeia. Confessando a malfeitoria, saía mais barato.
O apóstolo Hernandes já relacionou seus padecimentos judiciais com "artimanhas do demônio". Em certa ocasião, o casal esteve foragido por 19 dias. Pelo visto, o Coisa Ruim está forte na Justiça americana.
DUrso poderia convidar Frederico Moreno para duas palestras no Brasil, uma na sua OAB e outra no "Cansei". Esse juiz entende de combate à impunidade.
Churchill na Anac
A doutora Denise Abreu é um perigo cultural. Segundo ela, Winston Churchill (outro charuteiro) "veio de uma família pobre e nem por isso deixou de ser um estadista". Ele era filho de herdeira milionária com descendente de duque. Pobre era a família do Stálin.
A relação da diretora da Anac com Churchill é outra. Ela faz parte de um grupo a quem se pode dar o avesso de uma das melhores tiradas de Sir Winston: "Nunca tantos deveram tanto a tão poucos".
Jobim no ataque
O ministro da Defesa, Nélson Jobim, está na comissão de frente dos hierarcas que pretendem levar Carlos Alberto Direito, juiz do STJ, para o Supremo Tribunal, no lugar vago pela aposentadoria de Sepúlveda Pertence.
Infratáxis
O doutor Sérgio Gaudenzi, novo presidente da Infraero, poderia dar um pouco de atenção ao pepino rodoviário que tem na mesa. Admitindo-se que a patuléia não queira enfrentar as filas dos táxis de Congonhas e Guarulhos (onde a espera pode chegar a 40 minutos), ela dispõe de um serviço de ônibus.
De Guarulhos ao centro de São Paulo (25 quilômetros), a Airport Service cobra R$ 27. Tudo bem. Resta saber por que, no Rio, a Real faz por R$ 3,50 o caminho do centro ao Tom Jobim (20 quilômetros). Em Salvador, terra de Gaudenzi, o percurso (28 quilômetros) custa R$ 4.
Zotollo do "Cansei"
Paulo Zotollo, presidente da Phillips e militante do "Cansei", disse que, "se o Piauí deixar de existir, ninguém vai ficar chateado".
Cobrado, retratou-se: "Eu quis dizer o seguinte: o Piauí é desconhecido, e eu não quero que o Brasil seja um Piauí".
O doutor da Phillips deve concordar que há mais gente que conhece o Piauí do que gente que conhece o Zotollo. Vai daí, pode haver quem não queira que seu filho venha a ser um Zotollo.
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