Sou patriota. Apesar de conviver com o descaso dos nossos governantes para com o nosso país, sempre acho que as coisas vão melhorar, mesmo que a passos lentos. Mas confesso que é difícil manter este espírito otimista, tanto é que hoje resolvi me render à opinião internacional e percebi que os gringos têm razão.

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Digo isso porque li um artigo publicado no jornal britânico Financial Times que afirmava que o Brasil precisa lidar com problemas no setor de transporte e logística para evitar o risco de "condenar o país a uma década perdida em termos de crescimento econômico".

O texto, intitulado "Bumpy Decade" ("Década de solavancos") e assinado pelo correspondente do jornal em São Paulo, Joe Leahy, diz que o governo federal busca resolver diversos entraves de infraestrutura, e cita os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – de R$ 1 trilhão – e as tentativas de leilões de concessões de estradas. Mas também revela que, apesar de todos os esforços, a parcela que os investimentos representam do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ainda é inferior à de outros países de dimensões parecidas com as do Brasil. Ainda segundo o artigo, os leilões de projetos de infraestrutura seriam importantes para ajudar o Brasil a melhorar o índice de crescimento, mas não estariam tendo o desempenho esperado.

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Por isso, segundo o correspondente, algo não está funcionando aqui. Outro fato triste, mas real, citado por Leahy é o fato de o Brasil ter pouco tempo para que as iniciativas de infraestrutura decolem, uma vez que o país praticamente para no intervalo entre o Natal e o carnaval, e depois novamente durante a Copa do Mundo, sem contar que em 2014 teremos eleições presidenciais.

Parafraseando a publicação: "Se os projetos forem adiados até 2015, eles não ficarão prontos antes de 2020, no melhor dos casos. Contando os últimos três anos de fraco progresso econômico, o Brasil arrisca ter uma década de baixo crescimento e, em uma época globalizada, uma década é muito tempo para se perder".

É, meus caros, fica difícil ter argumentos contra estes dados. Estamos atrasados e corremos o risco de continuarmos estagnados se não exigirmos que o governo leve mais a sério as necessidades do Brasil para conseguir ter resultados econômicos satisfatórios. Até lá, continuamos tendo de engolir opiniões como a do Financial Times e, pior, concordar com elas.

Gilberto Antonio Cantú, é presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar).

Hoje, excepcionalmente, não publicamos a coluna de Fernando Martins.

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