Os pontos-chave

1 – Aécio tem razão de estar "alegre" e "animado" com a pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira, mesmo tendo ficado no mesmo lugar: descolou-se de Campos, e Dilma manteve trajetória de queda.

2 – No 2º turno, a diferença de Aécio para Dilma está sendo reduzida a cada rodada.

3 – A do Datafolha é mais uma pesquisa que coloca o nível de aprovação do governo Dilma num patamar que indica a dificuldade, quase impossibilidade, de reeleição.

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O candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, tem razão de estar "alegre" e "animado" com a pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira, mesmo tendo ficado no mesmo lugar: descolou-se de Eduardo Campos, do PSB, e a presidente Dilma manteve uma trajetória de queda. Ele trabalhava com a hipótese de os novos números repetirem os das últimas pesquisas, mas o resultado foi melhor do seu ponto de vista, pois seus concorrentes caíram além da margem de erro.

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Há outra leitura importante na pesquisa divulgada, que demonstra que é apenas aparente a estagnação da candidatura do tucano. No segundo turno, cuja realização essa pesquisa confirma, a diferença de Aécio para Dilma está sendo reduzida a cada rodada. Ela já foi de 27 pontos porcentuais a favor da presidente, e agora caiu para apenas 8, com Dilma perdendo 8 pontos e Aécio Neves subindo 11.

Uma análise no detalhe da pesquisa do segundo turno mostra que a presidente Dilma vence apenas entre os eleitores de até 2 salários mínimos, onde faz 56% a 28%. É esse o eleitor que o PSDB vai ter que buscar, sobretudo no Nordeste, onde Dilma mantém uma forte dianteira. Entre os eleitores de 2 a 5 salários mínimos, Aécio vence de 44% a 41%, e, na faixa de cinco a dez mínimos, Aécio faz 51% a 35%.

A confirmação da contínua queda de popularidade da presidente Dilma é especialmente grave se levarmos em conta que ela vem de uma ofensiva midiática e política. Eduardo Campos fica ferido gravemente, 12 pontos atrás de Aécio Neves e em virtual empate técnico com o Pastor Everaldo, do PSC, que aparece com 4%.

Os candidatos evangélicos somam, assim, 6% na pesquisa, com 2% para Magno Malta, do PR, o que mostra que o voto evangélico, importante na eleição de 2010 para Marina, está indo para os candidatos declaradamente evangélicos, e não para Eduardo Campos por meio dela.

Nesse momento, com as convenções de PMDB, PP e PR, e com o PSD tendo que se definir, a pesquisa é muito ruim para Dilma. O Aezão no Rio foi o maior movimento de rebelião aberta feito até agora, no principal partido da coalizão governamental, o PMDB, além de pegar franjas dos demais partidos da aliança, numa clara erosão da base.

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Lula ainda é o grande eleitor, mas a trajetória dele de queda está mais acentuada que a de Dilma, pois perdeu 5 pontos porcentuais de uma pesquisa para outra. Mesmo continuando em primeiro na hipótese de se candidatar, a pesquisa mostra que Lula não tem condição de se expor, pois, mesmo só falando para plateias simpáticas e blogueiros governistas, está caindo nas pesquisas. Passou a ficar contaminado por Dilma, sua criatura.

Dilma continua forte no Norte e no Nordeste, onde os principais candidatos oposicionistas são menos conhecidos. No Nordeste, Eduardo Campos tem apenas 9% de eleitores que dizem conhecê­-lo bem, e o seu nível de rejeição é de 36%, o que mostra que ele é o candidato de Pernambuco, não da região.

A maior rejeição a Aécio Neves é também no Nordeste, de 44%, índice que cai para 29% em nível nacional. A pesquisa mostra também que caiu a rejeição a Aécio Neves e Eduardo Campos: o tucano tinha 31%, e o peessebista, 33%, e ambos têm agora 29%. Dilma manteve os 35% e é a candidata mais rejeitada.

Por fim, a do Datafolha é mais uma pesquisa que coloca o nível de aprovação do governo Dilma num patamar que indica a dificuldade, quase impossibilidade, de reeleição, segundo pesquisas do cientista político Alberto Carlos Almeida: os que consideram o seu governo ótimo ou bom caíram de 37% para 33%.

Dos 74% que responderam que querem mudanças no próximo governo, fora Lula, que é o mais lembrado, Aécio superou Dilma como o mais capaz de realizá-las.

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