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Um amigo, bom negociante, me disse um dia: "Elói, peça sempre. Se o outro lado não lhe der nada, ele fica, ao menos, de­­vendo uma obrigação". Já o meu pai tinha um aforismo contrário e, acredito, errado para os dias atuais: "Não peça favores, quem deve favor perde a liberdade". Pedir com eficiência é uma arte para poucos, o sujeito já nasce pi­­­­­­dão. Não há o ditado "quem não chora não mama"?

Trabalhei com um empresário, riquíssimo, que era mestre em pedir coisas, as mais absurdas. Muitas vezes fiquei constrangido pelas requisições que fazia nas negociações e em ocasiões menos prováveis. Era espantoso ver o outro lado se coçar, pigarrear e acabar por ceder a um pedido esdrúxulo, em minha opinião, totalmente fora de hora e de contexto. Mas esse empresário, hábil nas solicitações, sempre ganhava alguma coisa, mesmo quando a negociação não lhe era favorável.

Quem pede a bola tem preferência, dizem os jogadores de futebol. O saber pedir exige que se sonde o ambiente e a disposição do doador em ajudá-lo. Observar se a hora é a certa e se o outro tem condições de nos atender. E, uma vez realizada a sondagem, não seja modesto na solicitação. É me­­lhor pedir muito e ganhar al­­guma coisa, do que pedir pouco e não ganhar nada, afinal, você precisava de pouco mesmo.

Em se tratando de auxílio di­­vino, saiba pedir. Os santos, normalmente, não gostam de atender pedidos diretos, por isso seja sempre o intermediário. E – exis­­te um truque – peça, mas não saia de cena. Tem gente que pede e vai embora, o auxílio chega e não encontra o solicitante de plan­­tão, que perdeu a chance de ser ajudado ou de ajudar alguém. Saber pedir é uma arte divina. O Pai Nosso não é uma oração de súplica e solicitações?

Voltando à vida prática e às condições terrenas, o nosso Pa­­raná tem tradição secular em não saber pedir benefícios federais para seu povo. Ao ponto de um antigo governador chegar a dizer, enfático e arrogante: "O Paraná não pede". Com esse pensamento, quase beirando o complexo de vira-latas, deixamos de receber a justa compensação pelo muito que contribuímos para engrossar o caixa do governo federal. De retornos triviais como ambulâncias, auxílios a escolas e hospitais, aos investimentos pesados em linhas de metrô, universidades, melhoria de estradas e equipamentos para portos, somos preteridos em favor dos outros que sabem pedir, e pedem até conseguir. Parece que nossos políticos não sabem segurar o pires ou o chapéu, têm vergonha de pedir ou preguiça de entrar no jogo duro das negociações palacianas. Na hora das trocas, saímos sempre, literalmente, chupando o de­­do. Só uma coisa os políticos paranaenses sabem pedir com eficiência – votos.

Existe o outro lado no jogo das trocas, o agradecimento pelo favor recebido. Raras são as pessoas reconhecidas. Fico contente quando alguém me liga para agradecer pequenos favores, e já fiquei muito triste por desconsiderações de amigos que, ajudados por mim durantes anos, ao serem solicitados a um apoio qualquer, ignoraram o pedido. O agradecer significa "dar graças" por um presente – "tempo verbal do viver agora" – ou a uma dádiva recebida.

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