Afoitos e aflitos

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Na política nativa não falta quem venda ilusões e quem as compre. Ainda assim, os índices de ceticismo expandiram-se, em proveito da lucidez.

É o que mostram as pesquisas qualitativas que orientam políticos, marqueteiros, publicitários e cabos eleitorais da praça.

Pasmem. Sete de cada dez paranaenses estão muito desconfiados da honestidade dos políticos e não se mostram dispostos a apostar em nomes tirados da cartola na última hora.

No Paraná, a possibilidade de que um salvador da pátria venha a emergir do quadro de crise é muito difícil. Afinal, a população já experimentou todas as alternativas e pela experiência não se sente animada a confiar em mais um político que promete cuidar da honestidade dos outros.

De sorte que tudo se encaminha para uma eleição polarizada entre o PMDB de Requião de um lado e, de outro, um dos políticos referenciais da oposição. O que significa que o cavalo encilhado passará pelos irmãos Dias e um deles deve montá-lo.

Osmar Dias quase mata a rapaziada dos nervos. É e não é candidato a governador. Depende do seu partido, o PDT, oferecer condições mínimas para que ele possa encarar a disputa. E o PDT se enrola na aventura da disputa presidencial.

Mesmo assim, é a bola da vez e todos torcem por ele no poleiro tucano. Porque ali todos sabem que a desistência de Osmar significará a oportunidade para que o irmão, Alvaro Dias, volte a se assanhar. E essa é uma possibilidade que desagrada uma boa parcela dos tucanos.

É justamente por isso que no PSDB da terrinha se ouve falar muito de Gustavo Fruet, o nome que os tucanos desafetos de Alvaro Dias sempre hasteiam diante de qualquer ameaça do senador de sair candidato ao governo..

Fruet muito se honra com as citações. Mas não parece disposto a entrar nessa apenas para cumprir tabela e organizar a carreira política dos demais.

Dor de cotovelo – Desde que o deputado Gustavo Fruet foi indicado coordenador da campanha de Geraldo Alckmin no Paraná, despertou mágoas no próprio poleiro. Outros se achavam em condições para o posto.

Pode ser candidato – O presidente do PSDB, Valdir Rossoni, diz que a condição de coordenador da campanha presidencial não elimina a possibilidade de lançamento de Gustavo Fruet a governador.

Alta pretensão – O PTB nativo não pretende ficar na mesma em nova aliança com o PMDB de Requião. Quer ocupar postos substanciais e governar junto, como explica o deputado federal Íris Simões. "Por que não a vice, por que não secretarias?" pergunta ele.

"De jeito maneira" – Mostrando que é diferente de Osmar Dias, do aliado PDT, o candidato a governador do Paraná pelo PPS, Rubens Bueno, que já foi comensal de Requião, diz que já não aceita convites para a mesa generosa do Cangüiri. E acrescenta que ele próprio não convidaria Requião para dividir o repasto.

Olha o terror – No fim de semana, adversários do PMDB fizeram circular dossiês contra o partido e especialmente contra alguns de seus membros, anunciando que vem chumbo pesado na semana contra deputados estaduais da sigla. O presidente estadual e líder da bancada, Dobrandino da Silva, promete "olho por olho, dente por dente".

No tratoraço – Longe das especulações em torno de seu nome para ser vice de Requião, Augustinho Zucchi, do PDT de Osmar Dias, dedica-se integralmente ao tratoraço de Brasília, na terça-feira, quando os agricultores vão exigir medidas efetivas para afastar a crise do campo.

Novas cobranças – Tucano de alto coturno de Curitiba, João Cláudio Derosso já não sabe o que dizer aos vereadores e cabos eleitorais do PSDB de sua jurisdição. Todos querem saber quem será o candidato a governador que terão de apoiar.

Bando de aflitos – Entre os aflitos com a indefinição da candidatura do PSDB ao governo do Paraná, figura o vereador Celso Torquato, que exige de Derosso um ultimato ao presidente estadual, Valdir Rossoni. "Ou temos ou não temos candidato a governador, pois se ficarmos esperando não vamos a lugar algum", diz ele.

Cuba aqui – Empresários cubanos e paranaenses participam amanhã de rodadas de negócios em Curitiba, no Cietep. Em 2004, a participação paranaense nas exportações brasileiras para Cuba foi de 14%. No ano passado subiu para 17%. A pretensão é superar esses índices em 2006.

Farpa – "Nicoló Maquiavel dizia que aqueles que só por sorte se tornam príncipes, com pouca fadiga assim se transformam, mas só com muito esforço se mantêm", lembra o deputado Durval Amaral, do PFL, que sonha com a mudança de governador. Não ofende – O PMDB vai mesmo de chapa puro sangue repetindo Orlando Pessuti na vice?

As boas – A Unidade de Saúde Mãe Curitibana, inaugurada ontem, terá equipamentos médicos de última geração, entre eles um sistema de ecografia em três dimensões.

As más – As perdas no campo paranaense já equivalem a uma safra inteira de milho e de soja, diz Ágide Meneguetti, presidente da Federação da Agricultura do Paraná.