Nos últimos dias a política nativa foi marcada pela troca de ofensas que aprofundou o fosso que separa o governo da Assembléia Legislativa.
Na confusão de rasteiras e maus modos, o debate adernou perceptivelmente para o conteúdo de tardias conversas de bar.
Há vários assuntos que acirram os desentendimentos entre o governo Requião e seus desafetos. Mas o ponto sensível é, sem dúvida, o do nepotismo.
Acontece que Requião tomou a emenda do deputado Tadeu Veneri como manobra para tirar do cargo o secretário de Educação, Maurício Requião, seu irmão. Desde então, o caldo engrossou.
Não há engov habilitado a restaurar o fígado da gente do governo contra os patrocinadores da emenda que proíbe parentes em cargos de confiança.
Não duvidem, o time palaciano não se deu por vencido. Articula a revanche para o segundo turno de votação que tem data marcada. Será na terça-feira da semana que vem, logo depois do feriadão da Páscoa. Se houver quórum significativo.
O jogo é bruto. Os deputados do PMDB que pretendem aprovar a lei se sentem ameaçados de perder a legenda. Na prática, funcionaria como uma cassação de direitos políticos. O suficiente para meter medo na rapaziada.
Há outras votações decisivas pela frente. O projeto de salário mínimo regional, de autoria do governo, repousa em uma gaveta da Assembléia e dela só sairá depois de ouvidas as lideranças empresariais e de trabalhadores.
No meio dessa confusão, o imbróglio do Porto de Paranaguá impôs outra derrota ao governo. O STF determinou a exportação de transgênicos, sob pena de multa pesada pela desobediência.
Se esses são ensaios para a campanha eleitoral, podemos esperar o pior entrevero, na base das acusações pessoais e dos golpes abaixo da linha da cintura. E por que os simples mortais deveriam aguardar outra coisa?
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Apoio a Garotinho O governador Requião disse ontem que ainda pode apoiar a candidatura própria de Anthony Garotinho pelo PMDB se ele cumprir duas condições: adotar o programa de governo aprovado pelo partido e indicar Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, seu vice.
Alivio liberal A banda de música do PFL paranaense deu um suspiro de alívio ao saber que o PMDB pode ter candidato próprio à Presidência da República. Assim, estariam livres de somar-se a Requião.
Pura provocação O senador Osmar Dias considerou provocação sem fundamento a passeata organizada pela deputada Luciana Rafagnin contra a lei anticorporativismo do senador.
Sem tempo O presidente Hermas Brandão não pretende dar tempo às manobras revanchistas do governo. Marcou a segunda votação da emenda antinepotismo para a próxima terça-feira.
Reunião do time Na noite de terça, 29 deputados atenderam a convocação de Rafael Iatauro, novo chefe da Casa Civil. Foram 15 do PMDB, cinco do PSDB, incluído Hermas Brandão. Apenas dois deputados do PT compareceram, Hermes da Fonseca e Pedro Ivo. Justificativa na mão Outros seis deputados justificaram a ausência na reunião da base do governo no restaurante Mangiare Felice do Batel: Nelson Justus, do PFL, Litro, Luís Accordi e Miltinho Puppi, do PSDB. Natálio Sticca, do PT, e Elza Correa do PMDB. O chefe da Casa Civil aceitou as desculpas.
Recíproca O ex-prefeito Cassio Taniguchi disse que não sobe de jeito nenhum no palanque de Requião. No jantar da bancada estadual do PMDB, formulou-se a resposta. O PMDB diz que não sobe em palanque onde estiver Taniguchi.
Onde o Beto subir Valdir Rossoni, presidente do PSDB nativo, diz que acompanha o prefeito Beto Richa e não abre. Richa, diz ele, é seu líder político principal. Isso quer dizer que Rossoni está aberto a uma aliança com o PMDB nativo.
Na mesma O PT paranaense comemorou, ontem, nova pesquisa de opinião sobre a eleição presidencial. O presidente Lula manteve 37,5% na pesquisa CNT/Sensus, contra 20,6% do tucano Geraldo Alckmin, números que confirmam o último Datafolha, onde Lula tem 40% e Alckmin 20%.
Farpa "O PFL é que nem cunhado, você casa com o PSDB e ele vem junto", diz o deputado Nereu Moura, do PMDB.
Não ofende Por que o deputado Ângelo Vanhoni, do PT, não compareceu e não apresentou justificativa para a sua ausência na reunião da base do governo Requião?
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As boas Zilda Arns, da Pastoral da Criança, elogiou a criação de 60 centros de saúde no interior do Paraná autorizados ontem pelo governador Requião. As más O brasileiro lê, em média, menos de dois livros por ano. O índice é considerado baixíssimo, mesmo na comparação com países latino-americanos.
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