Câmbio irreal, clima adverso e juros de agiota formam a maldita trindade que levou o campo à crise que beira o caos.

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O diagnóstico, assim direto e objetivo, é de José Fernandez Jardim Júnior, diretor da Cocamar, uma das maiores cooperativas do Paraná.

Fernandez vive dias angustiantes. Por conta da crise, paralisou seis fábricas e colocou na geladeira mais de mil funcionários que se sentem ameaçados de desemprego.

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Essa realidade é de toda a agricultura e envolve milhões de pessoas que tentam chamar a atenção do governo como podem. Impedem o trânsito nas estradas, nas ferrovias, na porta das cooperativas. Exigem providências.

Quanto ao clima adverso, não há que fazer. Mas o câmbio irreal e os juros obscenos dependem do governo. Aí reside outro elemento decisivo da maldição que paira sobre os agricultores, na compreensão de José Fernandez.

Pior do que a seca, que o dólar reduzido a R$ 2,06, mais terrível que os juros que atingem até 18% ao ano, é a tecnoburocracia de Brasília, instalada em seus gabinetes com ar refrigerado e que demonstram não entender patavina do que ocorre na agricultura.

Prova disso, diz Fernandez, é que o governo federal anunciou R$ 408 milhões para aplacar a crise. Soou como deboche em algumas paragens do Paraná. Esse recurso não é suficiente nem para amenizar o desastre.

O governo federal não mexe no câmbio por nada neste mundo. Os produtores terão que continuar negociando a sua safra pelo dólar de hoje, muito abaixo do dólar que ele teve de usar para comprar insumos e plantar sua lavoura.

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Não duvidem. Esta crise e seus desdobramentos terão influência decisiva nas eleições deste ano. Lembra outra, a de 1990, o ano em que Fernando Collor de Mello começou a cair.