Um povo ordeiro, paciente, pacífico. Sempre foi esta a certeza dos donos do poder e dos cidadãos bem postos na vida.
Agora, não faltam políticos das oposições para dizer que se Lula for reeleito, o país perde o rumo e entra em convulsão.
Entre os que fazem esta previsão de oráculo da tragédia, está o senador Alvaro Dias, que acaba de assumir o posto de líder do bloco PSDB-PFL no Senado da República.
Para ele, é vital que o país não reeleja Luiz Inácio Lula da Silva, que teria inaugurado, em patamar nunca dantes alcançado, o sistema de corrupção mais eficiente de toda a história da República.
Como provas, Alvaro desfila as denúncias cabeludas que escorrem dos desvãos das CPIs. Os relatórios, segundo ele, não mostram nem a parte essencial da roubalheira federal.
Suas razões não terminam aí. Para Alvaro Dias, a política externa do governo Lula, ao privilegiar as relações e os negócios com a periferia do mundo desenvolvido, ajudou a atrasar o país e a recuá-lo à condição de republiqueta.
Tudo isso se reflete no crescimento do PIB. Pífio, sublinha o senador. Nada mais que 2,3%, taxa superior apenas a do Haiti, esbraveja Alvaro Dias. Performance que levaria o país à situação de desemprego explosivo e insatisfação coletiva em todos os setores. Quadro típico para que as carências extravasem nas ruas.
Para completar o quadro dramático, Alvaro Dias toma o Paraná e, sem pestanejar, diz que aqui se reproduz, sob a batuta de Requião, o que considera a desastrosa política que vai contra a maré da globalização e da modernização.
Como se vê, este será o tom da campanha eleitoral no que depender da participação do senador Alvaro Dias. Uma batalha ideológica daquelas que não vemos desde os anos 80. No outro canto do ringue, o governador Requião. O confronto promete. E melhor seria, para a platéia, se os dois estivessem no mesmo páreo.
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Feitas as contas Assessores de Osmar Dias enfim se convenceram de que a candidatura dele ao governo do estado não depende de coligação com tucanos e pefelistas, desde que outras alianças providenciem o tempo de televisão e rádio.
Assédio político Os partidos que poderiam doar tempo a Osmar Dias, segundo seu irmão, Alvaro, são o PP, PSB, PL e até o PTB, que neste momento está ancorado no píer do Palácio Iguaçu.
De discurso novo O presidente do PT paranaense, André Vargas, corre todo o interior, agora como candidato a deputado federal. Houve sensível mudança em seu discurso. Deixou de alfinetar o governador Requião, do PMDB, e concentra maldades contra o time tucano.
Reação palaciana A manifestação do Doutor Rosinha, contra uma composição entre o PMDB e o PT no Paraná, repercutiu no quarto andar do Palácio Iguaçu. Lá, consta que Rosinha tem várias indicações para cargos de confiança do governo, especialmente na área da saúde, que poderiam sofrer retaliações.
Ontem, hoje e amanhã Alvaro Dias já foi companheiro de Requião. Hoje os dois são mais que adversários. Tornaram-se desafetos nada cordiais. De onde não se exclui que o senador esteja muito estimulado para encarar o inimigo caso seu irmão, Osmar, saia do páreo.
Chamado das bases Sinal dessa disposição é a afirmação constante de Alvaro Dias de que tem recebido pedidos diários de vereadores, prefeitos, militantes e lideranças de todo o Paraná para disputar o governo contra Requião.
Vice, nunca Quer ver o senador Osmar Dias irritado? Pergunte a ele se está negociando para ser vice de Requião. E saia de perto. A reação é imprevisível.
Face própria O PP continua a pensar em candidatura própria ao governo do Paraná. Seria, no mínimo, a maneira mais inteligente de fugir das definições do primeiro turno. A mais cotada para o papel é a deputada Cida Borgheti, que seria, de longe, a face mais bela dessa campanha majoritária.
Dois senhores Perguntado sobre a possibilidade do PSDB apoiar Osmar Dias, do PDT, mesmo que este tenha de servir a outro projeto presidencial, o tucano Valdir Rossoni considera a hipótese muito difícil, pois em política não há como servir a dois senhores, diz ele.
Pegou pesado O líder da oposição, tucano Valdir Rossoni, denunciou na Justiça que o governador Requião está usando a TV Educativa como palanque eleitoral.
Nem a pau Quanto a idéia do senador Alvaro Dias assumir a coordenação da campanha de Geraldo Alckmin no Paraná, a resposta do presidente do PSDB nativo foi clara: "nem a pau, Juvenal".
Farpa "Perceberam que os políticos só apresentam tragédias em seus diagnósticos e nenhuma solução", de Jaime Lerner.
Não ofende Numa coligação do PMDB com o PT, a candidata ao Senado seria Gleisi Hoffman?
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As boas A Comissão de Assuntos sociais do senado aprovou por unanimidade projeto que garante aos empregados domésticos o direito ao FGTS.
As más A produção industrial brasileira caiu 0,3% em março, comparada com fevereiro. Os dados são do IBGE e voltaram a assustar os empresários nativos.
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