O Paraná é realmente curioso. Talvez único em sua cultura política que admite as mais surpreendentes variações de rumo sem que a rapaziada perca a pose.

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Ora, pois, temos artistas da política que, se não representam os melhores anseios da população, ao menos exprimem muito bem a vocação para o arranjo, o arreglo, o acerto por debaixo do pano.

Vejam os acontecimentos dos últimos dias. Até parece que foram inventados por roteiristas de novelas da Globo, habituados a criar tramas inverossímeis.

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O enredo começou com a troca costumeira de insultos entre o PMDB de Requião e o tucanato nativo. Terminou em aproximações que fariam corar a mais pragmática das mulheres públicas.

A verdade é que desde que o PDT jogou sua pá de cal na candidatura do senador Osmar Dias, os tucanos nativos ficaram sem candidato próprio capaz de unir gregos e baianos na mesma empreitada.

Resultado: os tucanos que defendem aliança com Requião avançaram e tomaram conta das manobras de bastidores, dirigidas pelo presidente da Assembléia, Hermas Brandão, que não esconde sua preferência por um bom acordo com a turma do Palácio Iguaçu.

A voz mais indignada foi a do deputado Affonso Camargo. Irritado com a troca de afagos entre tucanos e emissários de Requião, chegou a lançar a anticandidatura de Luiz Carlos Hauly.

Há quem admita a intrigante hipótese de que iniciativas como essa de Camargo estão no script. Foram imaginadas para justificar posições pessoais e amenizar o impacto da surpreendente aliança na cabeça do eleitor.

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Mas isso é o menos importante. O certo é que tucanos e peemedebistas paranaenses se entendem e acertam detalhes de acordo que atende aos interesses pessoais da maioria dos protagonistas.

Se nada modificar o enredo, poderemos ver, na campanha deste ano, desafetos inconciliáveis abraçados no mesmo palanque. Em nome, é claro, dos mais altos interesses da nação.

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Só para tucanos – A reunião de terça, em Brasília, é apenas para tucanos. Os pefelistas e outros interessados terão de esperar do lado de fora enquanto a turma do poleiro lava a roupa suja e decide se vai de cara própria ou se apóia Requião.

Cada um na sua – O senador Alvaro Dias jura que não está envolvido em negociações políticas do PSDB com outros partidos no Paraná. Cuida apenas de seu mandato e de sua reeleição.

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Rondando a cerca – Aumentou a lista de inscritos para cavalgar e tirar fotos ao lado do governador Requião. Quem organiza a fila é o presidente do PMDB, Dobrandino Gustavo da Silva, que dá preferência ao pessoal da casa. Só depois serão abertas oportunidades para o pessoal das outras siglas.

Dobra a dose – Rubens Bueno está disposto a dobrar a dose na pauleira que abriu contra Requião. Seus marqueteiros acreditam que a grande chance de Bueno está em transformá-lo em símbolo dos desafetos do governador.

Professores na geral – Os deputados iniciam amanhã a votação de dois importantes projetos para os professores. O do aumento de salários e o do plano de carreira. Os dois são de autoria do deputado André Vargas, do PT.

Operação pega Janene – O deputado José Janene, do PP, não conseguiu interromper a operação da Polícia Federal que investiga seus vínculos com o mensalão e outros esquemas de corrupção na Câmara Federal. Nem os parentes estão livres da investigação.

O autor da aproximação – O deputado Alexandre Curi foi quem aproximou Hermas Brandão de Requião, no segundo turno de 2002, quando Brandão incorporou 32 prefeitos de sua região à campanha eleitoral de Requião.

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Nova dupla no Norte – Chico da Princesa é candidato a deputado federal e passa a dobrar com Mohamed Mahmed, ex-prefeito e um dos listados como favoritos na chapa de deputados estaduais do PMDB.

Plano Diretor – A Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba, Assomec, quer instituir o plano diretor para a região metropolitana. O projeto foi apresentado pelo vice-presidente da entidade, o prefeito de Araucária, Olizandro José Ferreira, durante encontro em Tijucas do Sul.

Todo ouvidos – Amanhã, o ministro Paulo Bernardo se reúne com a secretária de Ciência e Tecnologia, Lygia Pupatto, e mais os reitores de universidades e faculdades estaduais. Vai ouvir as reivindicações, que não são poucas. Resta saber se terá como atendê-las neste ano de orçamento curto e pressões de todos os lados. Farpa – "Se todos os compromissos assumidos nestes dias nos bastidores fossem levados a sério, seria necessário internar alguns políticos em sanatórios psiquiátricos", diz o deputado Élio Rusch.

Não ofende – O PTB está namorando com Requião e Rubens Bueno ao mesmo tempo?

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As boas – A Unioeste receberá novos equipamentos de informática. Deputados federais do Paraná viabilizaram o recurso no Ministério de Ciência e Tecnologia.

As más – Estudo da CNI diz que a valorização de 37,1% do real nos últimos três anos causou perda de 29,2% na rentabilidade da indústria exportadora.