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Ficha Limpa para todos
Há duas semanas esta coluna propôs que a Lei da Ficha Limpa estadual fosse estendida para os municípios paranaenses. Assim, as prefeituras e câmaras municipais também ficariam proibidas de nomear fichas sujas para cargos comissionados. O deputado estadual Ney Leprevost (PSD) anunciou por meio de sua assessoria que irá propor hoje uma emenda à Lei do Ficha Limpa estadual, a fim de garantir que a norma passe a valer também para todas as cidades do estado. A medida contribui para a efetivação do princípio constitucional da moralidade administrativa. Agora é ficar atento às posições dos demais deputados sobre o tema.
Quem nunca leu na internet que nos Estados Unidos ensinam em seus livros escolares que a Amazônia não faz parte do Brasil, pois seria região internacionalizada? Essa informação foi replicada pela internet na mesma proporção em que a gripe espanhola se disseminou no mundo nas primeiras décadas do século 20. Mas era falsa. Os supostos mapas haviam sido retirados da página 76 de um livro que jamais existiu. Em 2007, o então governador Roberto Requião (PMDB) caiu no mesmo conto, quando fez duras críticas a uma empresa fictícia, durante o programa Escola de Governo, que era veiculado pela TV Paraná Educativa. Segundo Requião, a tal Arkhos Biotech queria privatizar a Amazônia. O vídeo está no YouTube. Só que as imagens que o então governador apresentou à sua plateia eram parte de um jogo promocional criado por uma empresa de bebidas.
Os boatos de internet fazem sucesso há tempos, mas neste ano eles vão ter um objetivo mais específico: conquistar a sua mente e influenciar o seu voto. Embora a propaganda eleitoral só vá começar oficialmente em seis de julho, a boataria nas redes deve iniciar em breve. Listas fictícias de votações em câmaras municipais, falsas reportagens sobre pré-candidatos que inspirem aversão ou simpatia do eleitorado e decisões judiciais inventadas serão publicadas nas redes sociais. E podem ter um efeito devastador na imagem dos políticos.
Contra os boatos
Para que ninguém caia como um pato na conversa fiada das redes, seguem algumas dicas para detectar mensagens falsas:
Primero, questione-se mentalmente: "quem é a fonte dessa informação?", "ela é confiável?". É frequente no mundo das redes confundir a figura do "produtor" com a do "reprodutor" da informação. O produtor é a fonte da informação. O reprodutor apenas "compartilha" com seus amigos, conhecidos ou "seguidores" dados produzidos por outra pessoa. A confusão desses dois personagens faz com que você compartilhe algo sem pensar duas vezes, sem ao menos questionar quem é a fonte da informação e se ela é confiável. Não é porque um de seus amigos compartilhou algo que aquilo é verdade. Ele pode ter sido enganado pelos produtores de boatos.
Os criadores de mensagens falsas partem do pressuposto que o receptor não irá verificar a veracidade da informação e irá compartilhá-la na rede mesmo assim. Frequentemente as mensagens falsas nem trazem uma fonte de onde foram retiradas, o que dificulta testar sua credibilidade.
Segundo, se há a citação de uma fonte, verifique se o dado realmente foi divulgado por ela. Mensagens falsas procuram ser verossímeis. Podem mencionar pesquisas inexistentes, reportagens jamais publicadas, e declarações de personalidades que nunca foram dadas.
Terceiro, avalie a credibilidade da fonte. Em geral, instituições que necessitam de credibilidade para sobreviver no mercado são boas fontes de informação. Entretanto, é você que decide quem é confiável.
Quarto, preste atenção na linguagem utilizada. Mensagens falsas podem ser autodenunciativas. Elas podem querer estimular o seu instinto paranoico ou incitar medo. Podem apelar para teorias da conspiração. Exemplos do discurso utilizado: "isso não foi divulgado na imprensa por motivos óbvios", ou "a Globo não tem interesse em divulgar esse dado", ou, ainda, "o caso foi abafado pelo governo e pela imprensa, para nos manter na ignorância". Fique ligado. Se você for seduzido por argumentos dessa natureza, certamente terá de tomar cuidado para não cair no golpe do bilhete premiado.
Boa conduta na rede
Neste ano de eleições municipais, preste atenção para não ser instrumento da manipulação alheia. Refletir sobre a informação que foi lhe transmitida, antes de compartilhá-la, será uma tarefa necessária, se não quiser ser um inocente útil disseminador de boatos. O simples ato de compartilhar uma informação falsa pode causar injustamente estragos na imagem de candidatos. Seja prudente e tenha uma conduta responsável.
Essa deve ser a primeira eleição da guerra política cibernética. E você pode acabar sendo recrutado para lutar de um lado, mesmo sem saber.