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Transparência avaliada

O Movimento Adote um Distrital, de Brasília, está trabalhando numa ideia que pode ser bem aproveitada pelos novos movimentos sociais na fiscalização das câmaras municipais do Paraná. O "Adote" acaba de criar um "índice de transparência" do mandato parlamentar. Por meio de 27 itens, o índice analisa temas como prestação de contas de despesas, uso de verba de gabinete, presença em sessões, justificativa de faltas, relação com a sociedade. Com base nesses itens, é estabelecido um ranking de transparência parlamentar, que será publicado, a partir do dia 24 deste mês. A cada 30 dias os parlamentares serão reavaliados. Além do índice de transparência do mandato parlamentar, o "Movimento Adote" está trabalhando num índice para avaliar a administração da Câmara do Distrito Federal. Com tantos escândalos atingindo os Legislativos municipais – veja-se o caso da Câmara de Curitiba – vem em boa hora iniciativas como essas. Falta, entretanto, grupos que encampem a ideia. Para saber mais: http://adoteumdistrital.com.br/.

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A aceitação dos absurdos cometidos na Câmara de Curitiba chegou ao limite na semana passada. O voto de minerva dado pelo presidente do Conselho de Ética da Câmara de Curitiba, Francisco Garcez (PSDB), em favor de si mesmo, na reunião que o manteve na presidência do órgão, não só pegou mal como se tornou o estopim necessário para novas manifestações da população. Os integrantes dos movimentos "Acorda Brasil" e "Dia do Basta" vão realizar uma "blitz educativa" nas imediações da Câmara de Curitiba na próxima quarta-feira, dia 9.

Entre 10 e 14 horas, vão distribuir panfletos informativos sobre o papel que deve ser desempenhado por vereadores. A ideia do grupo é contribuir para o esclarecimento da população sobre a função parlamentar, já que, em cinco meses, haverá eleições. Os integrantes vão também levar faixas em sinal de protesto contra o comportamento dos parlamentares curitibanos, nos quais devem questionar "O que é Ética?". "Esse voto de minerva do vereador Francisco Garcez, votando a favor de si mesmo, foi demais. É o que nos estimulou a fazer essa manifestação", afirma a integrante do "Acorda Brasil", Regina Amélia Darriba Rodriguez, professora de Língua e Literatura Espanhola, da Universidade Federal do Paraná.

Regina se refere à decisão do Conselho de Ética da Câmara, proferida na quinta-feira passada, dia 3. Dois dos cinco membros, Dirceu Moreira (PSL) e Noemia Rocha (PMDB), foram favoráveis ao afastamento do tucano. Outros dois, Pastor Valdemir Soares (PRB) e Jorge Yamawaki (PSDB), foram contrários. Então, para resolver o impasse, Garcez, que inicialmente não havia votado, decidiu a questão sem cerimônias. Votou pela manutenção dele próprio na presidência do Conselho.

A ação que será desenvolvida pelos integrantes do "Acorda Brasil" e do "Dia do Basta" é sintoma de que a crise se alastrou. Antes o problema da Câmara parecia ser a falta de atitude dos vereadores em relação ao caso dos contratos de publicidade e o ex-presidente da Casa, João Cláudio Derosso. As primeiras manifestações de rua, realizadas no ano passado tinham, inclusive, como um dos seus bordões, "Derosso, vê se larga o osso". Mas, a série de reportagens "Negócio Fechado" mostrou que os problemas no Legislativo são maiores e envolvem mais gente, sejam funcionários de vereadores, sejam parlamentares.

A crise da Câmara está se espalhando para outros gabinetes, que até então estavam intocados. E como pequenas ações podem ser o prenúncio de grandes revoluções, é possível que o Legislativo municipal esteja entrando em uma nova fase de deterioração de sua imagem. Mas essa nova fase começa com uma esperança. Atos como a "blitz" educativa de quarta-feira são propositivos. Pretendem a envolver os cidadãos que ainda não se deram conta que um Legislativo de qualidade depende deles. É o que fará a diferença, quando, em outubro, a população precisará saber em quem votar.

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