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A cidade que queremos 1

Uma rede de discussão sobre planejamento urbano está em andamento em Curitiba. Na próxima segunda-feira, dia 25, às 9h, o Ministério Público do Paraná realiza o seminário "Plano diretor e a cidade que queremos". O evento, aberto ao público, acontece na sede do MP-PR e vai discutir o processo de revisão dos planos diretores municipais, algo previsto para acontecer nos próximos anos. A ideia é ampliar o debate com a sociedade e com órgãos responsáveis pelo planejamento de políticas urbanas. Inscrições podem ser feitas no site do MP.

A cidade que queremos 2

A iniciativa do MP ocorre três semanas depois do Congresso da Primavera, que, no dia 4 de novembro realizou um debate sobre mobilidade urbana. No congresso, organizado pela Seção Paraná da Ordem dos Advogados do Brasil e pelo Tribunal Regional Eleitoral, várias entidades discutiram a possibilidade de criar um observatório para acompanhar a revisão do Plano Diretor de Curitiba. O evento do Ministério Público da próxima segunda-feira vai ser uma boa oportunidade para se ampliar o diálogo sobre a "cidade que queremos" e consolidar a ideia de criação do observatório.

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Estamos vivendo tempos de profusão de mitos na política que escondem verdades profundamente incômodas. O mito mais recente é o da "pauta positiva" do Congresso Nacional após as manifestações de junho. Na quarta-feira, o Senado aprovou o projeto de minirreforma eleitoral, uma proposta que beneficia a classe política e inibe a fiscalização de contas de campanha. Ao mesmo tempo, o Senado decidiu jogar para a próxima semana a análise do fim do voto secreto. Em miúdos, em uma única sessão os senadores se revelaram ágeis em aprovar benesses eleitoreiras e, em seguida, evitaram votar um tema que dá transparência e corrige distorções do sistema político brasileiro.

O projeto que acaba com o voto secreto corre o risco de ser completamente desfigurado. A ideia inicial era que o voto fosse aberto para todas as circunstâncias – cassação de parlamentares, votação de vetos presidenciais e indicações para cargos de escolha do chefe do Poder Executivo, como o de ministro do Supremo Tribunal Federal e o de ministro do Tribunal de Contas da União. Um grupo de senadores, entretanto, pretende articular para só aprovar o voto aberto nos casos de cassação de mandato.O voto secreto foi instituído na Constituição de 1988 com o objetivo de evitar ingerências indevidas de outros poderes sobre o Legislativo. O país tinha recém-saído do período ditatorial e a intenção era garantir que os tempos sombrios não mais voltariam. Porém, acabou tendo sua finalidade distorcida e se tornou moeda de troca.

Um segundo mito recente, que já está caindo em descrédito, é aquele que declara que "o gigante acordou". Por essa narrativa, milhares de pessoas teriam ido às ruas numa clara demonstração do poder das redes sociais para fomentar a cultura democrática. E os políticos, então, com medo das multidões, iriam mudar os rumos do país.

Há, contudo, outros mitos que passam os anos e continuam capturando o imaginário popular. Quem não lembra do mito do "salvador da pátria"? Fernando Collor, um jovem político, esportista e autointitulado caçador de marajás, foi eleito na esperança de um Brasil melhor. O mesmo fez Lula, um filho de retirantes que por seus próprios méritos alcançou o mais alto cargo da nação. Outros tantos são regularmente eleitos por encarnarem o mito do salvador da pátria.

Mas salvadores de pátrias são apenas fábulas. Collor sofreu impeachment. Lula foi bem sucedido nas urnas por dois mandatos consecutivos, elegeu a sucessora e prossegue com alta popularidade, conseguindo passar praticamente incólume pelo escândalo do mensalão. Apesar disso, relações embaraçosas continuam sem explicação e suas realizações no campo das instituições democráticas estão longe de ser aquilo que a propaganda oficial gosta de divulgar.

A política tem sido simplificada, distorcida e remodelada para que seja possível adequar os fatos aos modelos mentais e expectativas dos cidadãos e dos políticos. Uma nova eleição se aproxima e as narrativas de novos salvadores da pátria vão ressurgir. Candidatos ao Poder Executivo e ao Poder Legislativo, nos estados e no governo federal, vão incluir em suas estratégias de marketing a estética do herói que tudo pode e tudo faz. Só que não precisamos de salvadores da pátria nem de populistas nas eleições de 2014.

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