A próxima fronteira a ser explorada no setor público é o uso de big data. O termo hoje está na moda muito por causa dos poderosos algoritmos do Facebook e do Google, mas o uso inteligente de grande quantidade de dados ainda não é uma realidade consolidada em empresas brasileiras e, muito menos, começou a entrar na pauta de interesses da administração pública do país.
A utilização de big data no setor público pode gerar bem-estar às comunidades locais, reduzir custos da máquina e evitar desastres. Pode-se, por exemplo, criar sistemas que permitam prever alagamentos ou deslizamentos de terra em áreas de risco com antecedência suficiente para remover a população e evitar tragédias. Outra hipótese possível é a de cruzar dados de saúde com desempenho escolar de estudantes, identificar padrões e trabalhar para melhorar a performance dos alunos. Do ponto de vista econômico, dá para criar ferramentas que ajudem a prever a valorização de imóveis, facilitando a tomada de decisão dos cidadãos. Essas são algumas das aplicações que me vêm à cabeça, mas certamente não são nem as melhores, nem as mais úteis e nem as mais fascinantes.
Em momentos de crise, avaliar bem o risco de incidência de problemas e planejar soluções em tempo hábil permite ganhos na qualidade de vida da população e considerável redução de custos. E isso não mais será feito por intuição de sábios governantes. Cada vez mais a tomada de decisão no mundo irá girar em torno de análise massiva de dados.
Com a facilidade de coleta de informações por meio de uma infinidade de diferentes tipos de sensores e a popularização de modelos de análise complexa de dados, ferramentas de big data vão se tornar rapidamente acessíveis.
No setor público, os políticos empreendedores que abraçarem essas técnicas sairão na frente, porque certamente o uso inteligente de enormes quantidades de dados vai reduzir o retrabalho e gerar benefícios até então desconhecidos da população e... até mesmo... dos políticos.
O mais interessante a respeito da popularização dessas técnicas é que elas não serão de domínio exclusivo de empresas e governos. O hacker ativismo pode se beneficiar bastante usando dados aberto como fonte de big data.
Isso já começa a acontecer. Matheus Mariotto, diretor de comunicação do Open Brazil – uma organização de hacker ativistas cívicos com sede em Curitiba – afirma que o Brasil ainda está engatinhando nessa área, mas que já começam a surgir belas iniciativas. “Há muitos fóruns de discussão na internet em que ativistas baixam dados abertos para transformá-los em big data”, diz ele.
Segundo Mariotto, o braço curitibano do Open Brazil – Code for Curitiba – deve lançar nos próximos meses a versão em português do Streetmix, um aplicativo que usa informações geradas pelos usuários. “Com o app as pessoas podem incluir melhorias ou ideias sobre o que desejam para as ruas de suas cidades. O banco de dados gerado processa as informações e traz uma concepção do que seria a ‘rua ideal’ segundo a visão dos moradores.”
Parece até engraçado defender a ideia de que os governos devem se preocupar com uso de ferramentas de big data, se a maioria dos órgãos públicos não conseguem nem ter uma política consistente de divulgação de dados abertos. Mas as administrações públicas precisam aprender a começar a ousar.
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