Os planos de educação do estado e dos municípios foram aprovados nesta semana praticamente sem discussão do impacto de novas tecnologias na aprendizagem. Pouco ou nada se debateu também a respeito da introdução de novos conteúdos como lógica de programação, ainda que básica, nos currículos escolares.
O voto da geração do milênio nos EUA
De olho nas eleições presidenciais dos Estados Unidos no próximo ano, o consultor de marketing Charles “C.C.” Chapman publicou um texto em seu blog (www.cc-chapman.com) em que analisa o perfil de político que a Geração do Milênio procura na hora de votar. Segundo Chapman, se fosse chamado, ele daria alguns conselhos a candidatos:
1) A geração do milênio quer ouvir detalhes, não promessas vazias. Então fale claramente o que vai fazer.
2) Deve ser uma pessoa real e mostrar que não está apenas preocupado em ser eleito.
3) O político deve abraçar a cultura pop . Dar entrevista para pessoas fora da grande mídia, aparecer em programas noturnos e naqueles nativos da web, com o objetivo de chamar atenção. Deve ir a eventos para interagir com os eleitores jovens.
4) Deve também saber usar mídias como o snapchat, além de outras já bastante conhecidas. A nova geração se preocupa em saber o que se passa no cotidiano.
Ignorar o tema não foi uma atitude inteligente. Afinal, uma revolução – fundada na tecnologia e na informação – está em curso, alterando severamente os pressupostos da economia e da vida em sociedade.
É crucial desenvolver desde cedo nos estudantes habilidades que os permitam estar preparados para serem atores relevantes neste novo mundo que se desenha. Eles não podem ser meros usuários de tecnologias. Devem estar aptos a inventá-las. Devem saber resolver os problemas contemporâneos com abordagens originais, assim como devem ser capazes de criar novas realidades a partir do desenvolvimento de softwares.
Os planos estadual e de Curitiba até estabelecem diretrizes a respeito do uso de tecnologias e práticas pedagógicas inovadoras. Porém, como não detalham as implicações dessas diretrizes no ensino, era de responsabilidade dos legisladores enriquecer o debate. Essa lacuna pode manter o ensino nas escolas mais próximo do século XIX que do século XXI.
O modo de pensar hoje é bastante diferente das gerações anteriores. Na manhã do dia 16 de junho, os estudantes da Escola Rural Municipal Irmã Santa Rita, da Lapa, surpreenderam o chefe de Redação da Gazeta do Povo, Eduardo Aguiar, ao fotografá-lo com smartphones e câmeras digitais (foto). A imagem captada por Aguiar é simbólica ao retratar uma geração hábil em usar equipamentos digitais e construir suas próprias narrativas. A turma do milênio sabe também usar buscadores para encontrar dados que desejar, se relaciona intensamente em redes sociais.
Além das facilidades com tecnologias, estudiosos de tendências comportamentais têm afirmado que, junto com a geração anterior, conhecida como Y, a turma do milênio está inaugurando uma mudança de mentalidade. Esses jovens tendem a acreditar no poder do indivíduo para mudar a realidade e construir uma vida melhor.
Para catalisar o poder transformador dessa geração que reúne tantos predicados é necessário que as abordagens pedagógicas contemplem esses fatos. Os parlamentos lamentavelmente sequer pensaram em discutir uma educação adequada aos novos tempos.
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