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Nem UNE, nem sindicatos, nem militâncias políticas. Quando o assunto é mobilização contra corrupção, esqueça os atores tradicionais. As marchas contra a corrupção, único indício de que parte da população não vive com a cabeça debaixo da terra, foram organizadas por grupos sem interesses partidários diretos e com forte participação via redes sociais. Tiveram êxito em levar centenas e, em alguns lugares – a exemplo do que ocorreu em Brasília –, milhares de pessoas às ruas do país. Mas, pouco se sabe sobre eles. Quem são esses novos atores do palco público, responsáveis pelo ressurgimento de movimentos genuinamente populares?

Deflagrada no dia 12 de outubro, a marcha contra a corrupção em Curitiba trouxe algumas pistas sobre os novos movimentos sociais em gestação. Alguns eventos previstos para o mês de novembro, que pretendem fazer o resgate do espírito republicano tão vilipendiado em nosso país, dão outras pistas. A seu modo, todos eles demonstram a indignação de cidadãos preocupados em melhorar a qualidade da cultura política brasileira.Ao lado de grupos informais, há indivíduos que compartilham ideias e símbolos, se identificam e se organizam sob algumas "bandeiras". Abaixo segue alguns dos grupos que atuam no Paraná.

Anonymous

É um movimento mundial que começou meio de brincadeira, mas acabou adquirindo envergadura. Eles adotam como símbolo a máscara de Guy Fawkes – um dos conspiradores que tentou explodir o parlamento inglês no século 17. A mácara foi eternizada por Alan Moore, no quadrinho V de Vingança e depois virou filme. Para os membros do Anonymous, ela representa o poder do povo. Eles se organizam basicamente por meio de fóruns de discussão (www.whatis-theplan.org) e por meio da página Anonymous PR, no Facebook. São bastante democráticos e o organizados, constituindo-se hoje uma das principais forças organizadoras das passeatas.

Nelas, praticam "pequenos atos de desobediência civil", como sentar no chão em cruzamentos por alguns minutos. "Se as passeatas não tiverem êxito contra a corrupção, o próximo movimento será realizar acampamentos", declara um anônimo "veterano", ao anunciar a data da próxima marcha, que ocorre no Dia da República, no 15 de novembro.

Libertários

Bastante atuantes nas marchas, são facilmente reconhecidos pelo bordão "mãos ao alto, o imposto é um assalto". Acre­­­ditam que a corrupção tem relação com o tamanho da máquina estatal. Para eles, o sistema político e burocrático brasileiro está errado – o Estado não tem como funcionar de forma eficiente se não se reestruturar. Embora já estejam registrados na Justiça Eleitoral, faltando apenas obter as 500 mil assinaturas necessárias, os Libertários escapam totalmente dos padrões políticos tradicionais. São basicamente compostos por jovens universitários e recém-formados, que entendem a política não como um meio de se ganhar a vida, mas como uma forma de ampliar a liberdade das pessoas.

NasRuas

Organizado nacionalmente via Facebook, o NasRuas surgiu como tentativa de unificar os diversos movimentos das marchas que eclodiram no país entre setembro e outubro deste ano. Além de participar das passeatas, o grupo trabalha, via redes sociais, na elaboração de propostas legislativas para o combate da corrupção.

Instituto Atuação Paraná

No meio do ano passado, milhares de pessoas se reuniram na Boca Maldita em apoio ao movimento "O Paraná que queremos". O grupo mobilizou mais de mil estudantes para marchar em favor da moralização da As­­­­sembleia Legislativa do Paraná, em razão do escândalo da série de reportagens Diários Secretos, da Gazeta do Povo e da RPC/TV. O objetivo do IAPR é aproximar o cidadão da política e promover educação cidadão. Constitui-se basicamente de jovens universitários, cujo lema informal é "reduzir o número de idiotas no estado". Idiota, do grego idiótes, é o indivíduo que trata somente de seus assuntos privados, em oposição ao cidadão, ou seja o "homem de Estado", aquele que se interessa e se ocupa das coisas públicas.

O IAPR vive um momento de efervescência. Está organizando para este novembro a "I Semana da República: Fiscalização, Participação e Transparência", que deve trazer a Curitiba uma série de eventos, entre eles um ciclo de debates que vai ocorrer no dia 26, no Museu Oscar Niemeyer.

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