As declarações da ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento do pedido de prisão do senador Delcídio do Amaral (PT), foram contundentes e ficarão marcadas na história.

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Hoje é dia de hackathon

Hackers, ativistas, designers e cidadãos exponenciais participam hoje do 2º Hackathon Cívico da prefeitura de Curitiba. O evento – feito em parceria com Sebrae, Open Brazil e Universidade Positivo – é uma excelente forma de disseminar o movimento mais fértil e inovador que a capital viu nascer e se consolidar – o uso de ferramentas tecnológicas para transformar a cidade em um lugar com qualidade para se viver. A mais perfeita constatação dessa afirmativa está na existência do Code for Curitiba, braço do Open Brazil, um coletivo que vê o número de membros e de atividades ser ampliado a cada mês.

Nem sempre foi assim

O hacker ativismo é um movimento que cresce em progressão geométrica. O primeiro hackathon que ocorreu em Curitiba foi organizado em 2011 pelo Instituto Atuação, em parceria com Transparência Hacker, de São Paulo. Duas dezenas de ativistas se reuniram para desenvolver soluções para a cidade. O segundo foi promovido em 2013 pela Gazeta do Povo, como parte integrante da campanha institucional Política Cidadã. Hoje, qualquer pessoa que quiser pode participar de hackthons todas às quartas-feiras, às 19h, nas reuniões do Code for Curitiba, na aceleradora da PUCPR, a Hotmilk.

Por que é divertido

Se colocássemos essas informações num gráfico, a forma dele pareceria um “J”. Nos primeiros anos, pouca atividade, progredindo para 2014 e 2015, anos de grande intensidade de eventos, criação de soluções eficientes, simples e baratas. Tão certo quanto a tendência de chuva em Curitiba, o hacker ativismo vai crescer e se espalhar por todo o estado do Paraná em ritmo acelerado. Há bons motivos para isso. É muito divertido, reúne perfis muito diferentes de pessoas, que estão sempre cheias de ideias e vontade de fazer acontecer. É auto gerenciável. E funciona.

Sagres e as universidades medievais

Em hackathons, todas as teorias acadêmicas são bem-vindas, mas o que importa mesmo é o usuário da sua solução. De nada adianta fazer algo que ninguém quer. Ou que é difícil de usar. Estar consciente disso permite gerar valor inestimável para a sociedade, por meio de serviços e soluções que facilitam a vida do cidadão. Em tudo difere de grupos de estudos universitários. Numa comparação grosseira, está mais para a Escola de Sagres – que nunca foi verdadeiramente uma escola, mas sim um ponto de reunião de navegantes, marinheiros e especialistas dos mares – que para as universidades medievais, que ensinavam o trivium (gramática, lógica e retórica), e o quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música).

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“Houve um momento em que a maioria de nós brasileiros acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois nos deparamos com a ação penal 470 [do mensalão] e descobrimos que o cinismo tinha vencido a esperança”, declarou a ministra na quarta-feira (25). “O crime não vencerá a Justiça. Aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e das iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade, impunidade e corrupção.”

A ministra tinha razão de fazer uma declaração mais apaixonada e política que estritamente jurídica. A cada dia parece que a tentativa de políticos poderosos burlar a lei não tem mais fim. A democracia padece, mas dado o dinamismo do sistema, sempre pode se reinventar em algo melhor. Não é uma questão de crença, mas de empregar energia e vontade. Algo que não pode ficar restrito ao mundo da política e só vai dar certo se os cidadãos se engajarem na vida pública.

Nesse sentido, a 1.ª Semana da Democracia, evento que foi realizado nesta semana pelo Instituto Atuação, é uma forma adequada de se buscar novos caminhos para fortalecer o sistema democrático. Em uma das palestras do evento, a norte-americana Jamila Raqib, do Instituto Albert Einstein, propôs que, para melhorar a democracia, sejam desenvolvidos programas educacionais que ensinem as pessoas a usar métodos de ação não violenta. Isso seria algo bastante salutar, neste momento de crise política que vive o governo federal e o Congresso Nacional.

Uma iniciativa dessa natureza poderia fazer a esperança vencer a corrupção.