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pessoas ocupam cargo em comissão no governo do Paraná, sem vínculo algum com o serviço público. Há ainda outros 1.743 cargos comissionados, ocupados por servidores de carreira.
Você tem a sensação de que as ações do governo estadual estão demorando a engrenar? Bom, na avaliação do Palácio Iguaçu, o trâmite estava um pouco lento, sim. Por isso foi convocado a compor o primeiro escalão o deputado federal Reinhold Stephanes, ex-ministro e ex-secretário estadual, com vasta experiência na administração pública. A intenção é que ele ajude a destravar empréstimos, projetos e investimentos, o que será fundamental para que o Paraná tenha algum avanço nas questões sociais e de infraestrutura.
Qualquer pessoa interessada no desenvolvimento do estado vai desejar que Stephanes faça um bom trabalho. Mas também não dá para esperar que ele sozinho faça tudo o que o Paraná precisa.
Stephanes já serviu ao povo do Paraná em outras ocasiões, tanto na gestão Lerner como na de Requião. Em Brasília, atuou como ministro de Ernesto Geisel, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Lula. É uma opção segura e experiente, já testada e aprovada. Mas que tal se o Paraná desse um passo além, e começasse a implantar realmente um novo jeito de governar?
Um bom exemplo pode ser tirado de Minas Gerais, estado que serve de inspiração para o governador Beto Richa, como ele já disse em várias ocasiões. Mas talvez ele não tenha dado atenção a uma iniciativa específica do governo mineiro: a criação do cargo de empreendedor público.
Esse cargo nem é tão novo assim. Foi criado em 2007 e o projeto já passou por várias mudanças e atualizações. Atualmente, Minas Gerais tem 130 cargos de empreendedor público, vinculados ao Escritório de Prioridades Estratégicas, criado em 2011 para assessorar diretamente o governador na definição e execução dos projetos mais importantes.
O nome pode parecer um pouco pomposo, mas os propósitos são mais do que válidos. O escritório está dividido em três núcleos: avaliação e análise de informação, que tem o objetivo de reunir e formatar dados confiáveis para embasar as decisões governamentais. Como exemplo do trabalho realizado, há um caderno de indicadores que é um brinco só, de tão completo. O arquivo é um pouco grande, mas pode ser localizado no link "Publicações", no site do órgão (http://www.escritorio.mg.gov.br).
Outro núcleo é o de sistemas e gestão, que proporciona soluções tecnológicas ao escritório. Por fim, há o núcleo de entregas e empreendedores públicos, que tem a responsabilidade de executar as ações.
Esses cargos são de comissão e de livre nomeação. Mas, ao contrário de abrirem as portas da máquina pública para aliados partidários e protegidos desqualificados, o empreendedor público só é contratado após um processo de seleção completo. Para começar, a pessoa precisa ter experiência comprovada na área, e nível superior. Além disso, ela precisa se encaixar num perfil pré-determinado para a função. Depois, passa por avaliação psicológica e de potencial. Uma característica fundamental é a pró-atividade.
O empreendedor público passa então a ser responsável por um dos projetos prioritários do governo. Ao assumir o cargo, assume a responsabilidade de entregar resultados, o que no serviço público significa, em última instância, melhorar a qualidade de vida da população.
Claro que, como qualquer coisa relacionada à máquina pública, essa iniciativa está sujeita a humores políticos e lobbies de todas as cores e sabores. Mas é animador saber que o escritório é dirigido por um Conselho Deliberativo composto por quatro doutores de notório saber, que pelo regulamento não recebem um tostão por isso.
A iniciativa é muito interessante e valerá a pena voltarmos a ela ocasionalmente. Até para saber os resultados dos projetos. Será que os objetivos estão sendo alcançados?
Enquanto isso...
Durante a nomeação para o secretariado do prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, algumas das "brilhantes" personalidades políticas locais tiraram sarro do fato de ele ter escolhido vários professores universitários ligados à UFPR. É um tipo de visão política que permite que pessoas como Renan Calheiros e Henrique Alves assumam a liderança do Congresso brasileiro. Simplesmente estarrecedor.