R$ 560 milhões foi o valor dos dividendos distribuídos aos acionistas da Copel em 2013. O governo do estado, que detém 31% das ações, ficou com aproximadamente R$ 173 milhões. O dinheiro é revertido ao caixa estadual como receita. Assim, os paranaenses se beneficiam indiretamente do lucro da Copel.

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    Para quem acompanha minimamente o noticiário, a autorização para o reajuste médio de 35% na tarifa elétrica da Copel não foi nenhuma surpresa. O que causa espanto mesmo é a verborragia dos governantes a respeito do assunto – não se sabe se fruto de ingenuidade, desconhecimento ou mesmo má-fé.

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    O conjunto de reportagens e análises sobre o assunto é vasto, mas, por conta do espaço, vamos nos ater apenas a acontecimentos recentes.

    Em primeiro lugar, o fato é que partiu da companhia o pedido de aumento médio de 32%. As planilhas foram encaminhadas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no fim de maio. No início daquele mês, já era sabido que o reajuste seria bem salgado. Isso porque o custo médio da energia adquirida em leilões pela Copel dobrou, e a diferença teria de ser cobrada do consumidor. Tudo isso foi noticiado amplamente pela Gazeta do Povo e outros jornais.

    O próprio governo do estado já sinalizava para a necessidade de reajuste. Em texto publicado em 15 de maio no site oficial de notícias, havia a informação de que "a Copel Distribuição está pagando um custo elevado de compra de energia para ser fornecida ao consumidor paranaense".

    Segundo ponto: de quem é a responsabilidade pelo reajuste? Essa resposta é mais complexa, mas, de forma resumida, tanto o governo federal quanto o governo estadual têm sua parcela de responsabilidade, assim como a administração da Copel.

    É verdade que o custo da energia no Brasil aumentou muito nos últimos meses por decisões equivocadas da gestão de Dilma Rousseff. Em janeiro de 2013, quando o governo federal decidiu que iria reduzir a tarifa de energia para o consumidor, esqueceu-se de combinar com São Pedro. Como nosso sistema hídrico ficou à míngua pelo baixo volume de chuvas, tivemos que recorrer às termelétricas, que têm custo de operação elevado.

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    Mas parte dos problemas de hoje decorre das reestruturações do setor elétrico implantadas pelos ex-presidentes FHC e Lula, em 1995 e 2004, respectivamente. Não sou especialista, mas dou todo crédito à análise feita pelo Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina): além dos erros de política energética, há problemas na modelagem. Segundo o Ilumina, mesmo que a distribuição de chuvas sobre as hidrelétricas brasileiras tivesse sido regular e positiva, os custos do sistema aumentariam. É como um "defeito genético" que irá persistir independentemente de quem sentar na cadeira da Presidência da República – a não ser que sejam feitas alterações na regulamentação.

    Lucro e prejuízo

    O modelo vigente determinou a separação das empresas de geração e distribuição. Assim, a companhia paranaense tem as subsidiárias Copel Geração e Transmissão e a Copel Distribuição, entre outras. A Copel Geração produz e vende energia em leilões; graças às decisões de Dilma Rousseff, essa subsidiária teve lucro líquido de R$ 431,6 milhões no primeiro trimestre de 2014. Por outro lado, a Copel Distribuição, que precisa comprar energia nos leilões, teve um prejuízo de R$ 14,6 milhões no mesmo período.

    No balanço final, o saldo é positivo – para os acionistas. O lucro líquido da Copel no primeiro trimestre foi de R$ 583 milhões, um recorde. Pelas regras atuais, aproximadamente 50% disso vira investimento dentro da própria empresa; a outra metade é distribuída entre os acionistas.

    O ponto é: se o governador Beto Richa diz que "não aceita" o reajuste pedido pela Copel e homologado pela Aneel, também não deveria aceitar o lucro recorde de R$ 583 milhões da estatal, pois as duas situações são fruto do mesmo modelo energético vigente no país.

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    Obviamente, o ideal seria que os políticos e gestores sentassem juntos e discutissem alternativas ao modelo atual, que está se mostrando insustentável.

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