R$ 3,57 milhões é o valor do contrato firmado pela prefeitura com a empresa responsável pela Fifa Fan Fest em Curitiba. O montante é pago com recursos do orçamento municipal, conforme aprovação da Câmara de Vereadores.

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Escrevo esta coluna antes do jogo entre Brasil e Colômbia. Não falarei de possíveis resultados, mas da Pedreira Paulo Leminski, que mais uma vez teve lotação máxima ontem. Durante os jogos da seleção, a festa no local foi linda. Mas também burocrática e pouco espontânea, de um jeito que só Curitiba consegue fazer.

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A Fifa Fan Fest é uma das obrigações assumidas pelas prefeituras com a federação mundial. Ficou acertado que os eventos teriam um limite de público. Para organizar isso, as cidades-sede instalaram catracas. Quando a capacidade máxima fosse atingida, os portões seriam fechados. Simples assim.

Tão simples que a organização curitibana resolveu complicar. Para participar do festejo oficial, era preciso retirar uma pulseirinha antecipadamente, no Memorial de Curitiba – local a 5,6 quilômetros de distância da Pedreira. Os transtornos foram grandes, então a prefeitura mudou os planos: colocou as pulseirinhas à disposição no Parque São Lourenço, bem pertinho da Fan Fest. Mas isso não facilitou a vida dos torcedores.

Para acompanhar uma partida da seleção brasileira, muita gente apareceu de madrugada na fila. Pelos relatos dos últimos dias, alguns chegaram às 3 da manhã na fila da pulseirinha; uma família, frustrada por não ter conseguido entrar no jogo anterior, foi para o Parque São Lourenço às 5 da manhã.

E teve gente que pegou a pulseirinha – grátis – apenas para vender depois. Sim, Curitiba teve cambistas na Fan Fest. Se a entrada fosse apenas via catraca, não haveria esse tipo de problema.

Valores

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Para o maestro Osvaldo Colarusso, que escreve o blog Falando de Música na Gazeta do Povo, há outros problemas envolvendo a Fan Fest. Ele criticou a seleção musical e o valor gasto no evento (R$ 3,57 milhões), comparando com outros gastos na área cultural. A prefeitura de Curitiba enviou uma resposta, dizendo que o custo está entre os mais baixos entre as 12 cidades-sede.

Pode ser, mas é quase impossível saber – especialmente em um dia como ontem, com jogo do Brasil, quando as repartições públicas do país não funcionam adequadamente. Não há informação clara a respeito, nem mesmo nos tais portais da transparência da Copa.

Porém, ainda que o valor total gasto pela prefeitura de Curitiba não seja tão alto, é preciso avaliar a efetividade e eficiência desse gasto.

Como, por motivos inexplicáveis, os moradores do entorno da Pedreira Paulo Leminski são cidadãos mais especiais do que os demais, só podem ocorrer dois grandes eventos por mês no local, como acertado com o Ministério Público Estadual. Então, durante os 25 dias de jogos do Mundial, em apenas quatro a lotação permitida é de 15 mil pessoas. Nos demais, são 2 mil pessoas simultaneamente. Em tese, poderiam circular mais pessoas, mas em vários jogos foi registrado público inferior a isso. Apenas para fazer algumas contas, digamos que o público total da Fifa Fan Fest nos 25 dias fique em 102 mil pessoas.

Considerando o valor total, de R$ 3,57 milhões, divididos pela lotação máxima da Pedreira Paulo Leminski, o custo por pessoa gira em torno de R$ 35.

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Em Porto Alegre, por exemplo, os valores destinados à Fan Fest estavam estimados em R$ 3,2 milhões – não foi possível a confirmação, devido aos problemas narrados três parágrafos atrás. O local escolhido para o evento foi sensacional, no Anfiteatro Pôr do Sol, na orla do Rio Guaíba. Em alguns jogos, o público superou a capacidade máxima, mas a prefeitura local avalia que a Fan Fest está sendo um sucesso, com média de 18,8 mil pessoas por dia de jogo.

Então, considerando o valor total da Fifa Fan Fest em Porto Alegre, divididos pela lotação máxima estimada (em torno de 470 mil pessoas), o custo por pessoa fica em R$ 6,80.

Essa simulação não retrata a totalidade do evento e seus impactos, mas ajuda a ilustrar como é importante discutir a eficiência e efetividade no gasto do dinheiro público.

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