A ocorrência de acidentes trágicos, como a que vitimou o candidato à Presidência da República Eduardo Campos, sua equipe e pilotos, leva muita gente a parar e refletir sobre a vida e a morte. Cada um pode fazer uma leitura bem específica, acerca do acaso, do destino ou da vontade divina.
Pessoalmente, fico sensibilizada com a fragilidade de todos nós. Este não é o espaço ideal para discutir essas impressões pessoais, mas vale a pena comentar sobre algumas situações da vida em sociedade atual que colocam ainda mais em risco nossa frágil existência.
Uma deles é o trânsito. Ser pedestre em uma grande cidade é viver perigosamente. Na semana passada, a Polícia Militar divulgou dados sobre atropelamentos em Curitiba, e mostrou que a Avenida Sete de Setembro que corta bairros como Centro, Rebouças, Água Verde e Batel, liderou o número de atropelamentos no primeiro semestre de 2014. A Gazeta do Povo tratou do assunto aqui: http://bit.ly/1nXAJit.
Entre janeiro e junho foram registrados 370 casos, dos quais 17 ocorreram na Sete de Setembro. Em entrevista à Gazeta do Povo na semana passada, o tenente Ismael Veiga, do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), disse que a imprudência tanto de pedestres como de motoristas é fator fundamental no alto número de atropelamentos.
A imprudência de motoristas é facilmente reconhecida: andar em velocidade acima do permitido, avançar o sinal vermelho, falar no celular, manusear o rádio ou outros equipamentos enquanto dirige etc.
Como o pedestre é o elo mais fraco, não se costuma chamar a atenção para suas falhas. Mas, neste momento de sensibilidade a respeito da fragilidade da vida, gostaria de fazer um apelo a todos os andantes para que prestem mais atenção no trânsito.
As novas tecnologias popularizaram o uso de fones de ouvido. Caminhar e correr no parque ouvindo alguma música certamente é muito gratificante, mas fazer isso em meio a avenidas movimentadas e motoristas nem sempre atentos pode ser muito perigoso.
Uma reportagem da RPC TV veiculada nesta semana conseguiu mostrar exatamente como muitos pedestres agem. Atravessam a canaleta sem olhar, ou mesmo nos locais onde há grades impedindo a passagem. Resultado: ficam lado a lado com ônibus expressos, no asfalto.
Felizmente, nem todos os atropelamentos são graves. O número de mortes por atropelamento em Curitiba nos últimos 12 anos tem variado entre 81 a 150, segundo dados do Datasus. Os dados mais recentes, de 2012, mostram que o aumento em relação a 2000 chegou a 17%.
O que mudou é que antes havia muitos casos não especificados. Agora, talvez pelo rigor da lei, por tantas câmeras flagrando vários cantos da cidade ou pela própria atitude do atropelador que para o carro para prestar socorro é possível saber qual foi o agente causador. Por isso há uma variação muito alta no número de mortes por atropelamento causado por ônibus e por veículos de passeio.
Independentemente dos números, pedestres e motoristas precisam prestar mais atenção. O poder público pode e deve fazer sua parte, promovendo campanhas educativas e reforçando a orientação nos pontos mais vulneráveis. Mas, em nome da vida, tão frágil, um cuidado extra só fará bem, e isso os pedestres podem fazer sozinhos.
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