Apoio a Lava Jato, mas também a Operação Publicano e a Voldermort, que estão atrás de corruptores a nível estadual, e talvez por isso não atraem tanto a atenção do público. Apoio também a Operação Quadro Negro, que investiga ilegalidades em obras de escolas estaduais. Para falar de algo novo, apoio também a Operação Leite Compen$ado, que ontem resultou na prisão de quatro pessoas suspeitas de fraudar leite na Região Sul.
O que dizer dessas pessoas que adulteram o leite, esse produto que a maioria de nós consome, que oferecemos às crianças, aos idosos? Esta é a nona etapa da Compen$ado, que teve início em 2013, e a fraude no leite continua, dois anos depois.
E o que dizer do megaesquema criminoso na Receita Estadual, investigado na Publicano? São cerca de 120 auditores fiscais que se tornaram réus.
E das pessoas que desviaram recursos públicos das escolas do Paraná para usar sabe-se lá onde? Aliás, como andam as investigações?
O caso Voldermort, por exemplo, está parado. O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) determinou a suspensão da ação penal da operação, que investiga denúncias de fraude em uma licitação da Secretaria de Administração e Previdência (Seap) para contratar emergencialmente uma empresa para fazer a manutenção da frota do governo estadual na região de Londrina.
A decisão do Órgão Especial foi apertada: 9 contra 7. Talvez, se houvesse uma mobilização do tipo #lavajatoeuapoio o desdobramento poderia ser outro. A suspensão foi uma vitória da defesa de Luiz Abi Antoun, conhecido sobre suas influências sobre o governador tucano, Beto Richa, com o qual tem parentesco. O advogado dele sustenta que, como o caso inclui a secretária de Estado da Administração e Previdência, Dinorah Nogara, que tem foro especial, a investigação precisa ser encaminhada ao TJ.
Seria a mesma coisa que toda a investigação da Lava Jato fosse remetida ao Supremo Tribunal Federal (STF) porque há políticos com mandato envolvidos. Não é assim que funciona, felizmente. Os doleiros, lobistas, empresários envolvidos e demais continuam sob a jurisdição da Justiça Federal de Curitiba, que está fazendo um trabalho célere e muito bem feito.
Se você apoia o juiz Sergio Moro, deveria também dar suporte ao juiz Juliano Nanuncio, de Londrina, que estava tentando fazer a mesma coisa.
É claro que, neste momento em que muitos de nós brasileiros estamos descontentes e descrentes com o governo do PT e a presidente Dilma Rousseff, é muito mais tentador e fácil vestir camiseta e portar faixas apoiando a Lava Jato e Sergio Moro. Mas há centenas de outras investigações sendo feitas pelos promotores públicos, policiais civis e policiais federais que precisam de um acompanhamento mais efetivo e próximo da sociedade.
Não quero com isso criticar quem exalta o trabalha da Lava Jato, apenas pedir que olhe também para outros casos. O PT elevou a corrupção a níveis vergonhosos, mas a criminalidade corre solta por outros partidos também – é mais uma questão de quem está no poder.
Lembrete: o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato, também fez delação premiada para o caso Olvepar/Copel, que envolveu a compra de créditos tributários considerados irregulares. A suposta fraude ocorreu no fim da gestão de Jaime Lerner no governo do Paraná.
STJ
Mas em breve haverá uma prova de fogo para a Lava Jato: está marcada para o próximo dia 30 a posse de Marcelo Navarro no cargo de ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele vai compor a 5.ª Turma do órgão e provavelmente será o relator da Lava Jato. Os casos hoje estão nas mãos do desembargador convocado Newton Trisotto, que tem sido uma grande muralha de defesa da operação que investiga a corrupção na Petrobras.
Segundo reportagem do Valor Econômico, os advogados dos empreiteiros imaginavam que conseguiriam reverter as prisões preventivas e condenações de Sergio Moro na instância superior. Foi isso que aconteceu em 2011, quando o STJ anulou as operações Satiagraha e Castelo de Areia.
Esbarraram na iniciativa de Trisotto, que tem confirmado as decisões de Sergio Moro. Agora virá o pulo do gato: o novo titular, Marcelo Navarro, é da área de influência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Resta ver se isso mudará o andamento da Operação Lava Jato.
Aí sim será preciso sair às ruas para apoiar Moro.
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