Projeto de rolê ideal: ir a uma praça arborizada e limpa, fazer alongamento, tomar um caldo de cana e sentar num banco confortável para ler um livro. Tão prosaica e simples, é impossível fazer tal atividade em Curitiba. A começar pelos bancos, que já foram tema neste espaço, e continuarão sendo. São terríveis, podres, tortos, desconfortáveis.
Mas há outros problemas. Muitas praças não têm equipamentos adequados para o uso, e praticamente inexistem locais onde há operação de algum concessionário, vendendo bebidas, sorvetes ou afins. Mas o principal problema é a sujeira nas praças curitibanas. Não tenho elementos suficientes para falar de todas, mas a impressão é que a limpeza piorou. Pelo menos na Praça Carlos Filizola, no Cristo Rei, essa é a realidade que vejo diariamente.
Por causa disso, nos últimos seis meses, fiz três contatos com a prefeitura, via 156, para falar da sujeira acumulada na praça. Antes de 2013, não havia feito nenhum pedido desse tipo.
No dia 21 de junho de 2013, protocolei a seguinte reclamação: "A prefeitura não está fazendo a limpeza das praças! A Praça Carlos Filizola está um lixo! No começo do mês, uma moradora da região foi ela própria recolher a sujeira. Cadê a varrição? Cadê a limpeza? Está uma vergonha." Fazia tanto tempo que a praça não era limpa que uma moradora havia feito o trabalho do poder público. Mas o descaso continuou, sem equipes de limpeza regulares.
O Portal da Transparência da prefeitura informa que o valor gasto com Conservação e Manutenção dos Logradouros Públicos e de Produção Vegetal caiu 11% em 2013.
Esses questionamentos são muito importantes, especialmente em época de rolezinhos e a discussão sobre áreas públicas de lazer. O descaso com as praças atinge vários bairros. Só para citar casos recentes: Em 10 de janeiro, a coluna Cidadão Atento, da Gazeta do Povo, publicou a reclamação de um morador do Tarumã, a respeito da Praça Praça Coronel Luís Gonzaga de Freitas. Dois dias depois, o site da rádio Banda B noticiou o mutirão de moradores do Abranches para limpar a Praça do Rocio. "Foram mais de dez protocolos feitos e nenhuma resposta das autoridades", disse um morador.
O descaso com as praças é perverso, pois a falta de manutenção afasta os cidadãos e atrai bandidos e vândalos. O medo de ser importunado ou de sofrer violência distancia cada vez mais as pessoas dos locais públicos, criando um círculo vicioso.
Em algumas situações, a comunidade se mobiliza e evita o abandono total, como mostrou reportagem da Gazeta do Povo publicada em 8 de janeiro. O início do texto é desalentador, e fala de uma professora que sempre passava na Praça Alcides Munhoz Neto, no bairro Hugo Lange, em Curitiba, e via "um lugar completamente abandonado, sujo e com pichações". A professora, funcionários da escola e moradores, indignados com a situação, decidiram adotar o local, o que é permitido por uma lei municipal de 2005.
O sistema é interessante, e permite que o espaço público seja utilizado para fins específicos como educação ambiental para os alunos da escola ao mesmo tempo em que a praça continua aberta ao público. Outras praças já foram adotadas: General Florimar Campelo, no Boqueirão; jardinete Almyr Ayres de Arruda, no São Braz; jardinete Hipólito Dopieralski, no Alto da XV.
Pergunta
O que precisamos saber é o seguinte: a prefeitura vai tratar com desleixo as praças até que todas sejam adotadas por alguém? Concordo que a adoção é muito interessante, mas não dá para aceitar que a sujeira e lixo acumulem no espaço público até alguém decidir se responsabilizar pela manutenção do local.
Se a prefeitura quer economizar e repassar a gestão das praças para pessoas físicas e jurídicas, que tome uma posição e lance um programa para este fim. Se não é esse o caso, que comece a limpá-las regularmente.
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