A quatro dias da votação do impeachment no plenário da Câmara, deputados do PMDB articulam, com aval do grupo do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), não dar legenda aos pré-candidatos a prefeito do partido que votarem contra o impedimento da presidente Dilma Rousseff.
Outra medida defendida pelos peemedebistas ligados a Temer é que, se os ministros do PMDB que reassumirem o cargo para votar não seguirem o voto da maioria, já estão sendo avisados que não terão qualquer cargo num futuro governo do vice-presidente.
O deputado Leonardo Quintão (MG), um dos mais favoráveis ao afastamento da petista, disse que as reprimendas, que serão levadas à Executiva do partido, são uma resposta aos caciques regionais do PMDB, principalmente no Nordeste, que pressionam parlamentares a votar com o governo.
Quintão afirmou que a medida é “um aviso” a deputados que ainda não declararam como votam, como Washington Reis (RJ), pré-candidato a prefeito em Duque de Caxias (RJ), e a deputados que declararam ser contrários ao impeachment, caso de Valtenir Pereira (MT), pré-candidato em Cuiabá.
Ele cita ainda o caso de Pedro Paulo (RJ), candidato à sucessão do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que reassumirá nesta quinta-feira o mandato.
“Estamos propondo que o candidato a prefeito que não votar com a maioria do partido não tenha legenda para ser candidato. Ameaças dos caciques regionais não irão nos impedir de vencer. Isso é um aviso ao Pedro Paulo, que esperamos que vote conosco, ao deputado Washington Reis, que ainda não declarou, e ao Valtenir, que disse que vota contra o impeachment”, afirmou o peemedebista.
“E tem mais. Ministro que votar contra o partido pode esquecer ser ministro num futuro governo”, completou
‘No laço’
Entre os parlamentares que estão sendo pressionados nos estados, segundo peemedebistas, estão os deputados Vitor Valim (CE) e Marx Beltrão (AL), também pré-candidatos a prefeituras em seus estados.
Leonardo Quintão tem feito um trabalho de “pegar o deputado no laço”, como chamou as costuras em curso dentro da bancada.
Na noite desta quarta, ele puxou o deputado Alberto Filho (PMDB-MA) pelo braço e, juntos, gravaram um vídeo em que o parlamentar maranhense, estado mais favorável ao governo, declarou voto a favor do impeachment.
Filho admitiu que foi cortejado pelo Palácio do Planalto com espaço no governo, mas afirmou que não cedeu à pressão: “O governo estava jogando com suas cartas, oferecendo espaço no governo, cargos nos estados. Mas é uma questão de unidade partidária, e acredito que não é apenas um problema jurídico, tem uma crise institucional também”, afirmou Alberto Filho.
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