A presidente Dilma Rousseff não comentou sobre a adoção de medidas protecionistas pelo Brasil durante a visita do primeiro-ministro britânico, David Cameron, à Brasília, nesta sexta-feira (28). Ela fez apenas uma referência indireta a esse assunto, quando disse que o Brasil "vem fazendo a sua parte" no esforço para recuperar a economia global.

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"O Brasil tem feito a sua parte, quando desenvolve incentivos ao crescimento do emprego e da demanda doméstica", afirmou a presidente, ao lado de David Cameron, que estava acompanhado de uma delegação composta por representantes de 50 empresas britânicas.

"Em plena crise, temos ampliado as nossas importações", disse Dilma. Em relação aos tópicos econômicos, a presidente disse que, "a despeito da crise, nossos fluxos de comércio e investimento têm registrado crescimento contínuo". No entanto, afirmou, "pode melhorar".

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O premiê britânico havia reclamado, na quinta, sobre as medidas, que contribuíram para frear as importações e valorizar a produção interna, mas causaram a oposição dos países desenvolvidos.

Na terça, Dilma defendeu a prática, chamada de "defesa comercial", e seu uso como uma resposta das economias emergentes ao chamado "tsunami monetário", a emissão de dinheiro pelos países ricos para combater a crise econômica. "Os bancos centrais dos países desenvolvidos persistem em uma política monetária expansionista que desequilibra as taxas de câmbio", disse. "Com isso, os países emergentes perdem mercado devido à valorização artificial de suas moedas, o que agrava ainda mais o quadro recessivo global."

Intervenções

No encontro, Dilma manifestou a oposição da diplomacia brasileira em relação a eventuais intervenções militares na Síria e no Irã.

A defesa de uma solução pacífica para os conflitos na Síria e do diálogo para a resolução da tensão nuclear de Israel com o Irã já haviam sido manifestados pela presidente na última terça-feira, durante discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

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O governo britânico é aliado dos Estados Unidos na defesa da necessidade de intervenções militares no Oriente Médio, se isso for avaliado como a opção necessária para a resolução de conflitos e ameaças ao Ocidente.

O Reino Unido lidera, ao lado da França, a ação militar na Líbia --ação em relação à qual o Brasil se absteve no Conselho de Segurança da ONU. "Reiterei ao primeiro-ministro a convicção do Brasil de que não há solução militar para a crise síria. Um processo político liderado pelos próprios sírios é o melhor caminho para a superação do conflito", afirmou Dilma, em declaração à imprensa, após reunião de pouco mais de uma hora com Cameron, no Palácio do Planalto.

"Também me preocupo de uma forma muito especial a crescente retórica em prol de uma ação militar unilateral no Irã. Qualquer iniciativa desse tipo constituiria uma violação da Carta da ONU, com graves consequências para o Oriente Médio."

Cameron, que fez sua declaração depois de Dilma, disse que Brasil e Reino Unido não concordam em tudo em relação a assuntos de política externa, mas saudou a existência de um debate aberto entre os dois países.

"Nós não concordamos em todos os assuntos, mas nós temos bons e vivos debates sobre assuntos de política externa", disse o premiê britânico, que retornaria para Londres ainda nesta sexta.

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