Com a citação do nome do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, nas delações premiadas da empreiteira Odebrecht, os três principais pré-candidatos do PSDB à Presidência da República em 2018 – incluindo José Serra e Aécio Neves – são suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
E o cenário para a sucessão presidencial começa a ficar completamente embaralhado e imprevisível.
Além de Alckmin, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, também foi citado por executivos da empreiteira. E o senador Aécio Neves é alvo de uma investigação já aberta no Supremo Tribunal Federal (STF), com base nas delações do doleiro Alberto Youssef e do senador cassado Delcídio do Amaral, por suposta corrupção em Furnas, estatal federal do setor elétrico.
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Leia a matéria completaListão da Odebrecht
A revelação do nome de políticos de expressão que estão na delação de executivos da Odebrecht também deixa cada vez mais claros os motivos do temor do mundo político com os acordos de colaboração premiada da cúpula da empreiteira. Eles foram fechados há cerca de duas semanas com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e ainda pendentes de homologação pelo STF.
Ainda não se sabe a íntegra das delações dos 77 executivos da Odebrecht que assinaram o acordo, mas constam em documentos apreendidos pela Lava Jato os nomes de cerca de 200 políticos (53 deputados federais, 16 senadores, 7 ministros, 8 governadores, 48 prefeitos, 33 vereadores, 23 deputados estaduais e 10 secretários estaduais).
Cenários para 2018
“O problema [da delação dos executivos da Odebrecht] não é só do PSDB ou do PT; é de toda a política”, diz o cientista político Mário Sérgio Lepre, da PUCPR.
Segundo ele, a eleição de 2018 vai ser completamente atípica, pois a Lava Jato tende a atingir todos os partidos em 2017. “Esse modus operandi [descoberto pela Lava Jato] operou para todos.”
Lepre afirma que ninguém quer ver um político envolvido em suspeitas de corrupção na Presidência, mas ele avalia com preocupação o cenário atual, em que a população está rejeitando a política de uma forma generalizada.
André Vargas vira réu em nova ação da Lava Jato por corrupção na Caixa
Leia a matéria completaAs eleições municipais deste ano mostraram essa tendência: o discurso da antipolítica foi forte e vitorioso em cidades como São Paulo e Belo Horizonte – ambos os prefeitos eleitos (João Doria e Alexandre Kalil, respectivamente) se apresentaram como “não políticos”.
De acordo com Lepre, o atual cenário começa a tornar relevante a possibilidade da eleição de um presidente “outsider” (nome de fora da política) ou “salvador da pátria”. E o risco é de que ele tenha ideias radicais.
O que pesa contra os tucanos
Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo publicada nesta sexta-feira (9), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, teria tido despesas das campanhas de 2010 e 2014 pagas, em dinheiro vivo, por meio de caixa 2 da Odebrechet.
A reportagem afirma executivos da Odebrecht disseram em delação premiada que duas pessoas próximas ao governador – o empresário Adhemar Ribeiro, irmão da primeira-dama, Lu Alckmin; e o secretário de Planejamento do governo paulista, Marcos Monteiro – teriam sido os intermediários dos pagamentos do caixa 2.
Alckmin, de acordo com os depoimentos obtidos pelo jornal, não teria tratado pessoalmente dos acertos financeiros.
Adhemar Ribeiro teria recebido R$ 2 milhões em espécie na campanha de 2010, vencida por Alckmin. Em 2014, quando Alckmin se reelegeu governador, o pagamento teria sido feito a Marcos Monteiro – a Folha informou não ter tido acesso ao valor que teria sido pago por meio do caixa 2.
O jornal informou ainda que um dos executivos que delataram o suposto esquema de Alckmin é Carlos Armando Paschoal – que também fez acusações contra Serra, segundo reportagem de 8 de agosto da Folha. O atual ministro teria recebido R$ 23 milhões da Odebrecht por meio de caixa dois na eleição presidencial de 2010, quando perdeu para Dilma Rousseff (PT).
O que eles dizem
Quando foi noticiado que teria recebido caixa 2 da Odebrecht, Serra negou a acusação e afirmou que sua campanha de 2010 foi conduzida dentro da lei.
Aécio também negou irregularidades e disse estar “seguro” de que a investigação no STF vai provar a “improcedência” das acusações contra ele em relação ao caso de Furnas.
Alckmin afirmou para a Folha, por meio de sua assessoria, que “é prematura qualquer conclusão com base em informações vazadas de delações não homologadas”. Também informou que “apenas os tesoureiros das campanhas, todos oficiais, foram autorizados pelo governador Geraldo Alckmin a arrecadar fundos dentro do que determina a legislação eleitoral”.
A assessoria de Marcos Monteiro informou à Folha que ele é o tesoureiro do diretório estadual do PSDB há dois anos e que presta contas do fundo partidário à Justiça Eleitoral com regularidade. O jornal também entrou em contato com a empresa de Adhemar Ribeiro, mas não obteve retorno.
A Odebrecht não se manifestou.
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