Com a nomeação do deputado Osmar Serraglio (PMDB) para o comando do Ministério da Justiça, dois dos mais importantes ministérios do governo federal ficaram na mão de paranaenses. Na pasta da Justiça – em tempos de Lava Jato e crise nas penitenciárias – Serraglio ganha protagonismo no governo federal. Enquanto isso, no Ministério da Saúde, Ricardo Barros (PP), comanda um orçamento de R$ 115 bilhões.
Força institucional
Os dois ministros paranaenses ganham proeminência em campos distintos do governo. No Ministério da Justiça, Serraglio assume importante posição institucional. Apesar de já ter declarado em entrevista à Gazeta do Povo que a pasta não tem relação com a Lava Jato, cabe a Serraglio garantir que o governo não interfira nas investigações. Ainda que ele tente se distanciar desta função, a cobrança acontecerá, do mesmo modo que aconteceu com José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça de Dilma e Alexandre de Moraes, o primeiro escolhido de Temer.
Força política
À frente do ministério da Saúde, Ricardo Barros ocupa um dos principais cargos na articulação política do governo. Como costumam dizer os parlamentares, o Ministério da Saúde – além de um exuberante orçamento – tem muita capilaridade; ou seja, permite ao gestor que esteja em contato com deputados e prefeitos e que possa viajar o país inaugurando instalações de saúde.
A agenda do ministro Ricardo Barros é prova dessa força política. Desde que assumiu o cargo, já recebeu 586 visitas de deputados federais, estaduais e outros políticos em seu gabinete. Além disso, Barros já fez 53 viagens oficiais pelo Paraná, onde visitou 18 municípios.
Reflexos no estado
Para o cientista político Márcio Cunha Carlomagno, da Universidade Federal do Paraná, a nomeação dos dois ministros não está diretamente relacionada à força ou importância do estado, mas sim a articulações e questões políticas específicas.
Para ele, o Paraná se beneficia politicamente por ser colocado em evidência no cenário nacional, entretanto, isso não reflete, necessariamente, que o estado vá se beneficiar com a maior destinação de recursos.
“Isto depende de Ministério para Ministério, pois cada pasta tem capacidades distintas para alocar recursos, além de finalidades diferentes. Esta possibilidade é mais evidente no caso do Ministério da Saúde, que possui maior capacidade de transferências de recursos [...] Mas só poderíamos afirmar ou negar isso com base em dados sobre os gastos do ministério”, avalia.
Outro ponto destacado por Carlomagno é a diferença de perfil dos ministros paranaenses de Temer – com atuação destacada no parlamento – comparados aos de Dilma – que se dedicavam mais à atuação partidária.
“É notório que Temer procura ser mais próximo do parlamento do que sua antecessora, e este fato é mais uma evidência disto. A consequência mais clara talvez seja justamente uma aproximação ainda maior entre Executivo e Legislativo, com o presidente Temer ampliando seu espaço de articulação e inserção em sua base aliada”, analisa.
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