Com uma série de discursos que antecipam o debate eleitoral, o plenário do Senado aprovou ontem o empréstimo de US$ 60 milhões (R$ 144 milhões) do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o governo do Paraná. Pré-candidatos ao Palácio Iguaçu, Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB) usaram a tribuna para criticar a gestão financeira do governador Beto Richa (PSDB). Terceiro representante do estado e pré-candidato à reeleição ao Senado na chapa de Richa, Alvaro Dias (PSDB) fez a defesa do governador.
A aprovação do Senado garante o aval da União para a formalização do empréstimo, que será utilizado para ações de assistência social do programa Família Paranaense. Depois de passar na terça-feira pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e ontem pelo plenário do Senado, a liberação da verba depende apenas de uma última análise da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. O acordo prevê uma contrapartida do governo de US$ 40 milhões (R$ 96 milhões).
Assim como aconteceu na sessão da CAE, Gleisi abriu o debate sobre a proposta dizendo que votaria a favor, mas que gostaria de fazer "considerações". Usou a tribuna para criticar as dívidas do governo do estado com fornecedores, que chegam a R$ 1,1 bilhão. Ela também negou que, quando ocupou a Casa Civil, tenha atuado para retardar a aprovação desse e de outros empréstimos negociados por Richa, que chegam a R$ 3,3 bilhões.
"Não é porque São Paulo é dirigido pelo PSDB, ou porque Goiás é dirigido pelo PSDB, ou porque o Pará é governado pelo PSDB que nós deixamos de encaminhar, apreciar, aprovar, com agilidade, as operações de crédito solicitadas. Se não o fizemos em relação ao Paraná, foi porque o estado não teve competência e capacidade de encaminhar a tempo, no momento certo, no momento oportuno, as informações que deveria encaminhar", disse.
Na sequência, discursou Requião único voto contrário ao empréstimo. Em vários momentos, o peemedebista frisou que concordava com Gleisi. "É claro que investimentos sociais seriam interessantes, mas tínhamos que forçar o estado a cortar as despesas perdulárias porque esses investimentos sociais seriam facilmente resolvidos com o corte de despesas absurdas de cargo em comissão e de publicidade", afirmou.
Parceira de Requião na coligação para o Senado em 2010, Gleisi tem atuado para estimular o PMDB a lançá-lo ao governo. Em tese, as duas candidaturas evitariam uma possível reeleição de Richa no primeiro turno. Enquanto isso, uma ala peemedebista trabalha por uma aliança com o atual governador.
Último a se posicionar, Alvaro Dias (PSDB) levou à tribuna um extrato de ontem do Cadastro Único de Convênios (Cauc) que mostrava que o Paraná não apresentava nenhuma pendência que pudesse impedir o empréstimo. Segundo ele, está claro que o governo federal discrimina o estado.
"Certamente o Paraná vive dificuldades financeiras, mas seguramente as dificuldades paranaenses não são maiores que as dos demais estados da federação, nem do governo da União", declarou o tucano. "É evidente que há atraso no pagamento, mas quem não atrasa paga mento no Brasil de hoje? O governo federal não atrasa obras?", questionou.
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