Um dia antes da manifestação de domingo (26), a página de Facebook da organização curitibana do grupo Vem Pra Rua publicou uma mensagem questionando seus seguidores: “Neste domingo, o que te leva para a rua?”, dizia o texto. A pergunta resultou em respostas diversas. Da defesa da Lava Jato à luta pelos direitos trabalhistas; da revogação do estatuto do desarmamento ao fim do foro privilegiado, cada manifestante escolheu uma causa no cardápio de bandeiras à disposição.
Essa falta de um alvo comum – ao contrário do que aconteceu no passado com o pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) – é apontada como a principal causa da baixa adesão às manifestações de domingo (26), em comparação com outros atos organizados pelos mesmos grupos.
No ato de Curitiba, o comerciante Paulo Boldrin afirmou que o protesto é válido, mas disse ter ficado um pouco confuso com as pautas. “Falaram muitas coisas, mas uma coisa é certa, a classe política precisa ser passada a limpo”.
Na avaliação dos próprios organizadores dos atos, a profusão e a complexidade das pautas, de fato, pode ter ocasionado a diminuição dos protestos. “A pauta agora não é tão simples e binária como o Fora Dilma e o impeachment”, afirmou Rogério Chequer, Líder do Vem Pra Rua.
A argumentação do líder do Acorda Brasil, Luiz Philippe Orleans de Bragança, trisneto da princesa Isabel, vai no mesmo sentido. “Deve ter umas 10 mil pessoas aqui, o que não é uma derrota. O tema agora é mais técnico”, afirmou em relação à manifestação de São Paulo.
No dia 13 de março do ano passado, o movimento atingiu seu ápice e reuniu 1 milhão de pessoas na Paulista, segundo os organizadores.
Outra diferença da manifestação deste domingo em relação aos outros atos foi a menor participação da classe política. Um dos poucos parlamentares no ato de São Paulo era o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). Sobre a baixa adesão do público, Caiado justificou que a pauta dos protestos anteriores já era a investigação de políticos corruptos, mas que o Partido dos Trabalhadores (PT) “encarnava 100%” a corrupção.
Depoimento de Lula a Moro delineia protestos em Curitiba
Em nível nacional, a avaliação de Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre (MBL), é que há que se esperar a repercussão dos atos de domingo no Congresso Nacional para avaliar o futuro das manifestações. Em entrevista ao El País, Kataguiri afirmou que “evidentemente não vamos reunir milhões de pessoas como na época do impeachment porque era uma bandeira histórica, muito mais engajante do que essa”.
Segundo ele, nenhuma democracia saudável mobiliza dois milhões de pessoas com frequência.
Já em Curitiba, o futuro dos atos parece mais bem delineado por causa do depoimento do ex-presidente Lula ao juiz Sergio Moro, no dia 3 de maio. Movimentos de esquerda planejam trazer cerca de 50 mil pessoas na cidade em um ato de apoio ao petista. Como reação, movimentos que defendem a Operação Lava Jato também têm articulado suas manifestações.
Já há atos em defesa de Moro sendo convocados para o dia 3 de maio por movimentos como Vem Pra Rua Curitiba e também pelos integrantes do grupo que está acampado há um ano em frente à Justiça Federal.
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