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As manifestações de Sete de Setembro, que levaram aproximadamente 20 mil pessoas às ruas de todo o Brasil, foram menos volumosas que os protestos que reuniram mais de 1 milhão há quase dois meses. Porém, foram mais violentas: ao menos 500 pessoas acabaram sendo detidas no feriado deste sábado – 27 em Curitiba–, enquanto que, no ápice das manifestações de junho, no dia 20, cerca de 200 foram apreendidas.

Apesar de terem sido organizadas com antecedência pelas redes sociais e contarem com a confirmação de mais pessoas, o envolvimento de grupos de ideais anarquistas acabou esvaziando as manifestações, segundo especialistas. Ao mesmo tempo, houve um recrudescimento da violência por partes destes grupos – alguns deles legitimam ataques como única forma de mudança –, o que culminou em prisões. Já nas manifestações de junho estes grupos eram minoria em meio à multidão, apontam os estudiosos.

Para o cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília houve uma "mudança qualitativa" no perfil dos protestos. "As pautas ficaram mais homogêneas e ideológicas e o grupo de manifestantes, mais focado", avalia. O cientista acredita que o desencanto na política e as respostas governamentais dadas até agora, como a redução no preço das passagens de ônibus, também colaboraram para o esvaziamento das ruas.

Já o professor de Ciência Política do Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba) Marlus Forigo acredita que as manifestações de junho apresentavam propostas mais concretas que agora. Para ele, a violência maior ocorrida no feriado está ligada à convicção política dos manifestantes, como os Black Blocs, que propõem mudanças institucionais de forma mais agressiva.

A também professora de Ciência Política no UniCuritiba, Violeta Sarti Caldeira, avalia que, apesar do esvaziamento, os protestos marcam um momento de maior civilidade dos brasileiros: "Muitas pessoas que não tinham acesso a nada foram captadas pelo governo com programas econômicos. Esse movimento criou um novo cidadão, que agora está querendo ocupar seu lugar. Ou seja, as pessoas não querem só consumir, querem ter acesso a serviços de qualidade". Para Violeta, a formação desse novo grupo de cidadãos sinaliza que, mesmo em menor número, os protestos não devem cessar tão cedo.

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