Com a indicação de Rodrigo Rocha Loures para a diretoria-geral de Itaipu, o presidente interino Michel Temer (PMDB) mantém a estatal como um “feudo” dos políticos paranaense.
Desde a redemocratização, o comando do lado brasileiro da companhia tem ficado com políticos do estado. Loures substitui Jorge Samek, diretor-geral da companhia desde 2003.
Em 42 anos de empresa, quatro diretores-gerais comandaram a companhia por 37. Três deles são paranaenses: Samek, o ex-deputado federal Euclides Scalco (que nasceu no Rio Grande do Sul, mas fez carreira política no estado) e o ex-governador Ney Braga. A empresa teve, ainda, outros cinco diretores-gerais que ficaram menos de dois anos no cargo. Quatro deles são radicados no Paraná.
Itaipu começou a ser construída em 1974. O primeiro diretor-geral brasileiro da companhia foi o cearense José Costa Cavalcanti, que fez carreira política em Pernambuco. Militar, ele foi um dos principais articuladores do golpe de 64, contra o presidente João Goulart. Ele se manteve no comando da companhia até 1985 – um ano após a usina entrar em funcionamento.
Quando José Sarney tomou posse como presidente da República, Braga foi indicado para comandar a empresa. Ex-governador do Paraná, ele ficou no cargo até o início do governo Fernando Collor. Entre a posse de Collor e o início do governo Fernando Henrique Cardoso, três paranaenses comandaram a usina: Jorge Nacli Neto, Fernando Xavier Ferreira e Francisco Gomide.
Em 1995, com a chegada do PSDB ao poder, Scalco, um dos fundadores do partido, foi indicado para assumir o comando da empresa. Ele deixou a companhia por alguns meses em 1998, sendo substituído por Altino Ventura Filho, mas retornou antes do final do ano. Depois disso, o ex-deputado ficou na diretoria-geral até 2002, quando assumiu a secretaria-geral da Presidência. O paranaense Antônio José Correia Ribas comandou a empresa até Samek assumir, em 2003.
A companhia é a única grande estatal brasileira com sede no Paraná. No ano passado, a receita total foi de US$ 3,7 bilhões. Responsável por investimentos altos no Oeste do estado, as diretorias da Itaipu são particularmente atraentes para políticos paranaenses, já que representam uma importante fonte de poder político e econômico na região. Além da direção-geral, o Brasil possui sete cadeiras no Conselho de Administração e cinco diretorias.
Rocha Loures
Empresário, fundador da Nutrimental, Rocha Loures foi presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), entre 2003 e 2011. Filiado ao PMDB, ele disputou a prefeitura de São José dos Pinhais, onde sua companhia é sediada, em 2012, ficando em segundo lugar, com 27% dos votos – não há segundo turno no município. Ele é pai de Rodrigo Rocha Loures, ex-deputado federal e um dos principais assessores de Temer.
Rocha Loures foi confirmado no comando da companhia nesta quinta-feira (2). Outros políticos paranaenses tinham interesse na cadeira, e ele era visto como o único nome de consenso. Sua indicação foi apoiada por 20 deputados federais. A nomeação deve ser publicada em Diário Oficial nos próximos dias.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”