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O deputado pastor Marco Feliciano (em pé de gravata roxa) permaneceu por apenas oito minutos presidindo a reunião da Comissão de Direitos Humanos na tarde desta quarta-feira (20) | Alexandra Martins / Câmara dos Deputados
O deputado pastor Marco Feliciano (em pé de gravata roxa) permaneceu por apenas oito minutos presidindo a reunião da Comissão de Direitos Humanos na tarde desta quarta-feira (20)| Foto: Alexandra Martins / Câmara dos Deputados
  • A sessão discutiria os direitos humanos dos portadores de transtorno mental. Mas, depois de muito bate boca, após a saída do pastor, a reunião foi encerrada sem qualquer debate sobre o tema

O deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP) permaneceu por apenas oito minutos presidindo a reunião da Comissão de Direitos Humanos na tarde desta quarta-feira (20). Apesar de a segurança da Casa ter barrado a entrada de alguns manifestantes, outros conseguiram burlar o bloqueio e fizeram protestos contra o deputado. Houve empurra-empurra.

A sessão discutiria os direitos humanos dos portadores de transtorno mental. Mas, depois de muito bate boca, após a saída do pastor, a reunião foi encerrada sem qualquer debate sobre o tema. O representante do ministério da Justiça, Aldo Zainden, abandonou o debate após iniciar o seu discurso afirmando que o país vive um retrocesso em relação aos direitos humanos. Ele diz ter sido censurado pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que o ordenou a falar apenas sobre o tema da audiência.

Feliciano chegou à sala cercado por seguranças às 14h26. Abriu a reunião logo na sequência e, em meio aos gritos de "retrocesso não", repassou a presidência ao deputado Henrique Afonso (PV-AC) autor do requerimento para a audiência pública.

Durante 30 minutos tentou-se levar adiante o debate, mas parlamentares do PT fizeram discursos contra o pastor e os manifestantes continuaram gritando palavras de ordem. A audiência era conjunta com a Comissão de Seguridade Social. O presidente desse colegiado, doutor Rosinha (PT-PR), chegou e acabou com a reunião. Após o fim da sessão, o deputado Jair Bolsonaro bateu boca com manifestantes.

Mais cedo, opositores de Feliciano lançaram uma frente parlamentar dos direitos humanos. O objetivo é pressionar o pastor e abrir espaço para uma pauta voltada à defesa do tema. Parlamentares dessa frente prometem levar denúncias contra Feliciano à Procuradoria Geral da República e à Corregedoria da Câmara.

Após a presidência relâmpago, Feliciano dirigiu-se ao plenário da Câmara. Ele continua descartando a possibilidade de renúncia do comando da comissão e recebeu o apoio de Bolsonaro também no plenário.

Sem apoio

A reportagem apurou que o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), tem manifestado a colegas insatisfação com a permanência de Feliciano no comando da comissão. Alves tem dito, contudo, que não há margem regimental, como uma intervenção direta, para tirá-lo da presidência.

Numa conversa com o líder do PSC, deputado André Moura (SE), o presidente da Câmara teria sido informado de que Feliciano apenas abriria os trabalhos da comissão e se retiraria. Alves tem recomendado que o PSC atue com discrição. Na avaliação de interlocutores, o pemedebista aguarda uma bala de prata para que a presidência possa agir de modo mais enfático. Na reunião para a instalação da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos, capitaneada por opositores do pastor, o PMDB não mandou representante.Mais cedo, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) afirmou que vai entrar ainda nesta quarta-feira com uma representação criminal contra Marco Feliciano. Segundo o socialista, o pastor conduz uma "campanha difamatória" contra opositores.

Eles querem que a Polícia Federal apure o eventual elo de Feliciano com a produção de um vídeo, divulgado na última segunda-feira pelo seu perfil no Twitter e publicado no canal do Youtube da empresa de seu assessor.

O vídeo chama de "rituais macabros" os atos contra a indicação do pastor para o cargo e questiona a conduta de seus opositores. Insinua que Wyllys participa de uma campanha difamatória contra evangélicos.

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