Com novo visual, cabelos tingidos de loiro na altura dos ombros, a advogada Carla Cepollina prestou depoimento na tarde desta segunda-feira por mais de três horas no Fórum e voltou a negar que tenha assassinado o coronel Ubiratan Guimarães no 9 de setembro do ano passado. A acusação, no entanto, afirma que durante seu depoimento, Carla caiu em contradição por diversas vezes e que isso será explorado durante o processo.
- Seu depoimento reforça minha convicção de que ela matou o coronel. Carla foi agressiva e irônica em algumas perguntas e perdeu a chance de esclarecer alguns pontos importantes - afirmou o promotor Luiz Fernando Vaggione.
Entre os pontos em que ela teria caído em contradição está a entrega das roupas para a perícia. No depoimento, Carla afirmou que por um equívoco entregou uma jaqueta parecida com a que tinha usado no dia do crime e que, posteriormente, quis entregar a peça correta, mas o delegado não teve interesse.
- Ela ainda disse que não brigou com o coronel na noite do crime e deu explicações infantis sobre o que fez no período entre os dois telefonemas que ele recebeu - afirmou Vaggione referindo-se às ligações feitas por uma delegada de Belém, que seria amiga do coronel.
A acusação afirmou ainda que não tem elementos para pedir a prisão preventiva de Carla, como intimidação de testemunhas ou ameaça de fuga. Em seu primeiro depoimento à polícia, no entanto, Carla confirmou que havia brigado com o coronel por conta das ligações da delegada.
A defesa de Carla pediu o fim do sigilo do processo, que corre em segredo, com exceção das partes que envolvem o registro telefônico do coronel.
- Ela não tem nada a esconder. Queremos a transparência no processo - afirmou o advogado Luiz Fernando Pacheco, acrescentando ainda que vai questionar todos os laudos periciais.
- Os laudos estão bastante imprestáveis. Há falhas da polícia no processo. Foi criada uma verdade e os peritos foram atrás de fatos para corroborá-la. Não há indícios de autoria do crime - afirmou ele.
O depoimento durou mais de três horas - entre 15h e 18h30 - e Carla não falou com a imprensa. Ela entrou e saiu por uma porta lateral do fórum.
O processo continua no dia 25 de abril, quando haverá depoimento das testemunhas de acusação. A data do depoimento das testemunhas de defesa ainda não foi confirmado.
O coronel Ubiratan comandou a invasão da Penitenciária do Estado, em 1992, que resultou na morte de 111 presos e ficou conhecida como 'massacre do Carandiru'.
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