Pressionada pelos escândalos na Petrobras e pela baixa popularidade, Dilma tenta dar a volta por cima.| Foto: Henry Romero/Reuters

Numa investida para tentar “virar a página” do ajuste fiscal, emplacar uma agenda positiva e iniciar um processo de resgate de parte de sua popularidade, a presidente Dilma Rousseff lança nesta terça-feira (2) Plano Safra 2015/2016 em cerimônia no Palácio do Planalto. Aguardado com ansiedade por produtores rurais e pelos bancos, o plano deve ser anunciado com juros maiores, cortes no financiamento para investimento e um volume total de recursos de R$ 176 bilhões – a diferença para a safra anterior, de R$ 20 bilhões a mais, será nas linhas de crédito com taxas de mercado, mais caras que as subsidiadas.

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Principal defensor das medidas do pacote de reequilíbrio financeiro, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se opôs nos bastidores à ministra da Agricultura, Kátia Abreu, na definição das taxas de juros do plano. Levy tem sido alvo de ataques de petistas, que o consideram um economista alinhado em demasia às vontades do mercado financeiro. O Ministério da Fazenda queria desembolsar um volume menor de subsídios nesta edição do Plano Safra e, com isso, tentava garantir uma taxa média de pelo menos 9,5% ao ano. A Agricultura, em contraponto, brigava por uma taxa mais favorável, entre 8% e 8,5% ao ano.

O titular da Fazenda já havia divergido de outro colega, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, na definição do tamanho do contingenciamento. Levy defendia um corte da ordem de R$ 78 bilhões, mas acabou derrotado – o contingenciamento ficou em R$ 69,9 bilhões. “As medidas aprovadas na semana passada pelo Congresso [as MPs que endurecem as regras de concessão de benefícios previdenciários e trabalhistas] criam as condições para que o governo possa efetivamente desempenhar sua agenda positiva de desenvolvimento e retomada do crescimento da economia”, disse o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva.

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O anúncio do Plano Safra foi um dos principais temas discutidos na reunião de coordenação desta segunda-feira (1º) entre Dilma e auxiliares. Para reverter as más notícias que atingem o Palácio do Planalto, a presidente também discutiu a situação da Petrobras. O governo não quer que as denúncias de corrupção, em meio aos desdobramentos da Operação Lava Jato, atrapalhem a divulgação de dados da estatal considerados positivos, como os de produção e exploração do petróleo.