Desde 2011, quando Michel Temer (PMDB) assumiu a vice-presidência, qualquer pessoa que queira falar com o peemedebista tem de passar antes por um paranaense: o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures. Sem o aval dele, nada feito. O endereço de trabalho de Rocha Loures agora mudou do acanhado prédio da vice-presidência para o imponente Palácio do Planalto.
Mas o papel de “guardião” da agenda de Temer continua em suas mãos. Desta vez, porém, a atribuição passará a ser dividida com outros assessores e ministros. “Os canais [para chegar a Temer] vão aumentar”, diz o secretário-executivo do novo presidente.
Mas isso não significará menos trabalho para Rocha Loures. Um presidente tem muito mais atribuições e poder que um vice. E, consequentemente, há mais pessoas que querem chegar a ele. Antes mesmo de Temer assumir a Presidência, Rocha Loures começou a ser mais demandado. “Muita gente tem me procurado [para falar com o novo presidente].”
O perfil de Temer, mais aberto à negociação do que a presidente afastada Dilma Rousseff, também indica que o paranaense terá mais serviço a partir de agora. Mas ele não vê isso como problema. E sim como solução. Para o Brasil.
Os outros homens do presidente
Eliseu Padilha
Participou de diversas reuniões na articulação política no ano passado, quando o então vice-presidente era o encarregado de dialogar, em nome do governo, com o Congresso. Desde que deixou o ministério no governo Dilma, ficou alocado em uma sala na ala da presidência do PMDB no Congresso. Articulou, lado a lado de Temer, a composição do novo governo. Ele desembarcou do governo petista dois dias depois do então presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) aceitar a denúncia de impeachment, no início de dezembro. Foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil.
Henrique Eduardo Alves
Acumula 11 mandatos de deputado federal consecutivos, todos pelo PMDB, e é considerado o mais próximo de Temer. A amizade se estreitou durante o período em que Temer era presidente da Câmara e Alves, líder do PMDB, em 2007. Derrotado nas eleições para o governo do Rio Grande do Norte em 2014, Alves assumiu o Ministério do Turismo em abril de 2015 como estratégia do governo para aumentar o apoio do PMDB no Congresso. Foi o primeiro dos sete ministros do PMDB a pedir demissão no governo Dilma. Sua saída ocorreu em 28 de março deste ano, um dia antes da reunião em que seu partido decidiu romper com o governo petista. Agora, voltou à pasta do Turismo.
Moreira Franco
Durante o mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foi assessor especial da presidência. Quando o PMDB passou a integrar a base governista do ex-presidente Lula, Moreira Franco também ocupou cargos importantes. Em 2007, assumiu a vice-presidência de Fundos e Loterias da Caixa Econômica Federal. Em 2011, passou para a Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo de Dilma. Em 2013, assumiu a Aviação Civil, cargo que deixou em janeiro de 2015 dando lugar a Eliseu Padilha.
“Com Temer, a política volta ao Planalto, de onde nunca deveria ter saído. Lula era política no Planalto. Fernando Henrique era política no Planalto. Collor não era. E Dilma não foi”, diz Rocha Loures. “E é a política que vai tirar o país da crise.”
Recebendo no Palácio do Jaburu políticos insatisfeitos com Dilma para ouvir suas ideias, Temer conseguiu em pouco tempo montar uma ampla base aliada no Congresso. Ofereceu cargos no novo governo. O efeito colateral foi levantar a desconfiança de expressiva parcela da população. O novo governo e a base no Congresso, enfim, têm partidos que até há pouco tempo estavam ao lado da presidente afastada. Mas é com essas siglas que, pragmaticamente, Temer pretende aprovar rapidamente as medidas que entende necessárias para a retomada do crescimento econômico e para equilibrar o caixa do governo.
Não sem antes negociar com os aliados. Rocha Loures diz que a estratégia do novo presidente é só levar a votação projetos que tenham sido discutidos previamente com a base. E que tenham consenso. Mais um indicativo de que o paranaense não terá sossego nos próximos meses. Afinal, várias das propostas de Temer são polêmicas e impopulares. Muita gente ainda vai bater na porta de Rocha Loures. Para reclamar ou dar seus pitacos.
Confiança de Temer foi conquistada aos poucos
Rodrigo Rocha Loures conquistou a confiança de Michel Temer aos poucos. Empresário da indústria de alimentos Nutrimental, Rocha Loures se candidatou a deputado federal em 2006 pelo PMDB. Elegeu-se. E, devido a sua formação e experiência na área de administração de empresas, acabou ocupando um espaço na bancada que até então era de Delfim Neto, que não conseguiu se reeleger naquele ano.
Foi escolhido pelo PMDB para ser membro da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, onde se especializou nesses temas. O desempenho na comissão, diz Rocha Loures, o levou à vice-liderança da bancada.
Foi quando, em 2008, passou a ter mais contato com Temer, que era deputado e presidente do PMDB. A crise financeira daquele ano aproximou os dois ainda mais, pois o partido começou a discutir medidas para evitar que o país entrasse em recessão.
Logo depois, em 2009, o paranaense coordenou a campanha que elegeu Temer presidente da Câmara. No ano seguinte, Rocha Loures foi candidato a vice-governador na chapa encabeçada pelo então senador Osmar Dias (PDT). Perdeu a eleição e ficou sem mandato. Mas Temer chegou à vice-presidência na coligação que levou Dilma Rousseff ao Planalto. E convidou o paranaense para ser seu assessor direto, função que ocupa desde então.
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