Os três comandantes militares, que participaram na manhã desta terça-feira da cerimônia de promoção de oficiais-generais, no Palácio do Planalto, evitaram se alongar na polêmica sobre a revisão da Lei da Anistia e disseram, de forma ensaiada, que o assunto está encerrado uma vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião de coordenação, na segunda-feira, enquadrou os ministros da Justiça, Tarso Genro, e de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, para que parassem de discutir o tema publicamente.
O comandante da Marinha, Júlio Soares de Moura Neto, declarou que o assunto está resolvido e não se fala mais nisso.
- Eu digo exatamente o que o presidente disse: O assunto já está resolvido, o presidente já tomou sua decisão, já comunicou ao país o que ele pensa, e a Marinha segue exatamente o que o presidente da República e o ministro da Defesa têm dito - afirmou Moura Neto.
O comandante do Exército, Enzo Peri, foi na mesma linha:
- Já foi falado. O presidente falou, o ministro comentou. Então, o assunto está encerrado. Assim que teve a palavra do presidente como assunto encerrado, assunto encerrado.
Já Juniti Saito, da Aeronáutica, foi lacônico:
- O presidente sempre sabe o que faz.
Os novos generais não quiseram se envolver na polêmica.
Na segunda-feira, Lula deixou claro que, para o governo, o debate deve ser conduzido pelo Judiciário. A informação foi dada pelo próprio Tarso, no Palácio do Planalto, após reunião da coordenação política do governo. De Boa Vista, onde acompanhava um treinamento militar, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, avisava que pediria a Lula nesta terça o fim da polêmica com os militares.
A polêmica começou na semana passada, quando Tarso afirmou que a tortura não pode ser considerada crime político e deveria ser excluída da Lei de Anistia. Em resposta, militares da reserva, com a presença de alguns integrantes da ativa, realizaram ato público para repudiar a iniciativa. Na reunião, no Clube Militar, foi divulgada nota classificando como "extemporânea, imoral e fora do propósito".