Pois 2012 vai chegando ao fim. Para quem gosta de política e vive nestas terras paranaenses, a grande novidade foi mesmo o fim de 24 anos de um mesmo grupo político na prefeitura. Não que a mudança tenha sido radical: ganhou Gustavo Fruet, que um tiquinho antes da eleição ainda estava com os mesmos de sempre. Mudou de lado por conveniência e será preciso ver até onde o candidato da "mudança segura" está disposto a ir.
Mais do que isso, no jogo pelo poder, o ano foi de preparação para a disputa que realmente interessa aos viciados em cargos públicos, que virá em 2014. Perto do governo do estado, as prefeituras são fichinha, e é de olho no Palácio Iguaçu que as peças se movimentaram neste ano. O fato é que o cenário para daqui a dois anos começou a ficar bem mais claro, e já é possível arriscar algum palpite sobre o que ocorrerá.
De um lado, Beto Richa (PSDB), mesmo tendo saído derrotado em Curitiba, continua como candidato forte à reeleição. É carismático, tem apoio de vários partidos, controla a máquina e joga com o fato de que os governadores paranaenses, desde que a legislação assim o permite, sempre se reelegeram. Mas é claro que saiu enfraquecido, principalmente porque existe agora a perspectiva de que alguns aliados, vendo um grupo adversário igualmente forte, e logo ali ao lado, troquem de barco. Richa sempre se elegeu com base em megacoligações. Agora, divide PPS e DEM, por exemplo, com o grupo de Gustavo Fruet.
De outro lado, a vitória de Fruet na capital deu mais cacife para uma candidatura petista ou de algum partido aliado. O nome mais forte continua sendo o de Gleisi Hoffmann, mas é preciso pensar se ela trocará o posto em Brasília por uma eleição incerta e difícil. Ser chefe da Casa Civil, afinal, não é pouca coisa e perder a eleição no Paraná poderia ser uma dupla derrota. Até porque, convenhamos, Dilma Rousseff parece destinada a se reeleger com facilidade. Pelo menos enquanto o PSDB apostar em um candidato que perdeu a carteira numa blitz da Lei Seca.
Se não for Gleisi, o candidato de PT-PDT pode mesmo ser Osmar Dias. Ou quem sabe Paulo Bernardo. O fato é que quem vier desse grupo parece ser mesmo a principal ameaça a ser enfrentada por Richa e pelos tucanos. Isso porque o terceiro nome que poderia embolar a disputa, Roberto Requião, parece agora mais distante de sua quinta (sim, quinta!) candidatura ao governo do estado. Sem o domínio do PMDB, ele dificilmente conseguiria a indicação. E sair de lá não parece uma opção viável.
As forças estão mais ou menos colocadas. Richa correrá atrás de mais partidos, como fez com o PMDB e o PSC de Ratinho Jr. neste ano. Gleisi e Paulo Bernardo decidirão o futuro da oposição, que ficou mais forte em 2012. Mas há uma outra pergunta que até agora ninguém parece estar respondendo a altura: ok, eles querem todos o poder, mas para fazer o que? Richa, em dois anos de governo, mostrou pouco resultado e muita choradeira. Não tem dinheiro, não dá para fazer, as coisas são assim mesmo etc... Gleisi e seu grupo parecem ter tudo pronto para a eleição, mas ninguém sabe qual exatamente é o grande desejo de transformação que move os petistas.
Porque, afinal, poder é bom. Mas seria melhor se servisse para algo, não?
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