Atualizado em 06/07/06, às 16h55
A campanha começa oficialmente nesta quinta-feira, mas os candidatos já decidiram estratégias distintas baseadas principalmente nos índices de pesquisas. Com 46% das intenções de voto, segundo o último levantamento do Datafolha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai tentar finalizar a disputa eleitoral no primeiro turno. A cúpula petista e o núcleo palaciano decidiram que a tática é polarizar com o candidato tucano, Geraldo Alckmin, para evitar uma campanha muito pulverizada. No Planalto, o maior temor é que a disputa vá ao segundo turno, o que criaria desgaste para Lula.
Para evitar o debate sobre denúncias de corrupção que atingiram o seu governo nos últimos 12 meses, Lula vai insistir na comparação de sua gestão com a tucana. Diferentemente dos demais candidatos, Lula só começará sua campanha oficial na próxima semana, quando participa de um jantar de adesão, na quinta-feira, em São Bernardo, berço de sua trajetória política. Antes, Lula vai trabalhar nos bastidores. Ele quer anunciar nos próximos dias um acordo com o bloco majoritário do PMDB. O acerto já está sendo negociado pessoalmente com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador José Sarney (PMDB-AP).
Já o segundo colocado nas pesquisas, o tucano Geraldo Alckmin, com 29% das intenções de votos, tem mais pressa e começou nesta quinta-feira a campanha oficial em Florianópolis . O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), que renunciou na manhã desta quinta-feira para disputar a reeleição, ofereceu o palanque de seu primeiro discurso a Alckmin, num hotel da capital. Luiz Henrique deve ser o único ocupante de cargo executivo a concorrer fora do poder.
- Sou amigo dele e acho que ele vai acatar minhas idéias - disse Luiz Henrique ao chegar à Assembléia Legislativa.
A escolha de Santa Catarina deveu-se ao fato de que, no estado, já está consolidada a aliança entre pefelistas, tucanos e integrantes da ala oposicionista do PMDB, dando um palanque único a Alckmin. À noite, ele volta para São Paulo e participa ao lado do candidato ao governo, José Serra, de um encontro com prefeitos. Na sexta-feira, viaja para a cidade de Barreiras (BA).
Para evitar confrontos regionais entre aliados, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), sugeriu a criação do Movimento Pró-Geraldo Alckmin, para organizar os palanques do candidato do PSDB principalmente nos estados onde existem divergências entre partidos. Ontem as alianças em estados problemáticos, como o Rio Grande do Sul, foram discutidas. Apesar dos problemas regionais, Alckmin acredita que seu principal desafio neste mês é o de popularizar a sua imagem. Segundo o PSDB, ele só é conhecido por 60% dos eleitores.
Alckmin se mostra otimista com os números das pesquisas de junho e vai apostar na propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV, a partir de agosto, para massificar sua imagem.
- O meu maior desafio é ficar mais conhecido. Mas essa é também uma vantagem, pois ainda tenho potencial para crescer - diz o tucano.
Com 6% das intenções de votos, a candidata do PSOL, a senadora Heloísa Helena (AL), optou por uma estratégia de guerrilha para superar a falta de estrutura. Ela iniciou nesta quinta-feira a campanha no Rio de Janeiro, com uma caminhada no Centro, saindo da Candelária . Alagoana, a senadora disse que a escolha era uma homenagem ao vice em sua chapa, Cesar Benjamim, e também às crianças que morreram na chacina da Candelária, crime que chocou a cidade em 1993, quando oito meninos de rua foram assassinados enquanto dormiam.
- Esse lugar simboliza a democratização, aqui aconteceu o grande comício das Diretas, e foi palco de grandes lutas do povo do Rio. Essa praça também viu o sangue das crianças pobres numa chacina que marcou a alma e o coração do povo brasileiro. É um tributo e um compromisso para que o Brasil possa ver, na Presidência da República, uma mulher, que como as outras, não aceita a roubalheira, a mentira e a traição e tem um compromisso com as crianças do Brasil. Como mãe, me sinto na obrigação de estar aqui.
A idéia do PSOL é baratear a campanha com eventos de rua como caminhadas e panfletagens. O principal desafio da candidatura de Heloísa, avalia o partido, é transferir para o voto de legenda parte do percentual da presidenciável para que o partido consiga atingir a cláusula de barreira.
Já o candidato do PDT, senador Cristovam Buarque (DF), com 1% das intenções de votos, começa a campanha em Ouro Preto (MG), onde participa hoje de um debate no Congresso Nacional dos Jornalistas. À tarde, participa de uma caminhada pela cidade. Amanhã, ele visitará Ouro Branco, Conselheiro Lafaiete e Barbacena e no sábado vai a Juiz de Fora. Também estão na disputa os candidatos Luciano Bivar (PSL), José Maria Eymael (PSDC) e Rui Pimenta (PCO).
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